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Jul/20

R$ 12 milhões em comissões: o PowerPoint da compra de respiradores pelo governo baiano



O governo da Bahia tenta reaver quase R$ 100 milhões pagos antecipadamente por respiradores que seriam usados no auxílio à pandemia de Covid-19 em todo o Nordeste. Neste domingo, a gestão do governador Rui Costa (PT) divulgou ter contratado um escritório americano de advocacia para recuperar quase R$ 50 milhões pagos à Ocean26 por respiradores que nunca chegaram.

Além disso, há ações na Justiça brasileira para que os outros R$ 50 milhões sejam devolvidos aos estados do Nordeste pela compra de 300 respiradores que a Hempcare, empresa intermediária contratada pelo governo do Estado, fez junto à Biogeoenergy.

Ao todo, três inquéritos no Ministério Público Federal (MPF) apuram compras de respiradores feitas pelo governo da Bahia.

Política ao Vivo montou um PowerPoint para facilitar ao leitor o entendimento de como os cerca de R$ 48 milhões pagos pelo governo do Estado à Hempcare foram utilizados.

Ao invés de todo o recurso ter sido usado na compra dos respiradores, quase metade dele foi dado para terceiros como forma de “comissão”, segundo Cristiana Prestes, dona da Hempcare, contou à polícia em depoimento.

Cristiana relatou à polícia que ela e Luiz Henrique, seu sócio na Hempcare, receberam, cada um, R$ 5 milhões pela contratação feita pelo Consórcio do Nordeste, via Governo da Bahia.

Ela repassou também a quantia de R$ 9 milhões para Fernando Galante, que, de acordo com ela, “recebeu o mencionado valor à título de comissão por ter apresentado a interrogada a Cleber Isaac, que tem influência política”.

“Para justificar a saída do dinheiro da empresa Hempcare, a interrogada (Cristiana) condicionou o pagamento a Fernando Galante a uma nota, tendo o mesmo emitido uma nota de consultoria”, diz o depoimento. Cristiana conta que “sabe que não se tratava de uma consultoria”.

Outra comissão milionária foi dada a Cleber Isaac. Este recebeu, segundo Cristian, a quantia de R$ 3 milhões por ter “facilitado o contato com o Consórcio do Nordeste”.

Nenhum dos dois foi preso, porém, na operação Ragnarok, conduzida pela Polícia Civil no início de junho. Cristiana, Luiz Henrique e Paulo de Tarso foram presos nesta operação, mas soltos após alguns dias após o caso ir para Brasília.

Por fim, a Hempcare usou os pouco mais que R$ 24 milhões restantes para comprar os respiradores junto à Biogeoenergy, empresa de Paulo de Tarso sediada em São Paulo.



Cristiana conta que os respiradores da Biogeoenergy não foram entregues porque Bruno Dauster recuou da autorização dada para comprar o modelo dos ventiladores oferecidos pela empresa paulista. “Amiga, errei. O BR2 não foi aprovado”, disse Dauster para Cristiana, via WhatsApp, de acordo com ela. Nesta altura, Cristiana já havia repassado R$ 24 milhões para a Biogeoenergy.

Em entrevista recente à TV Bahia, Paulo de Tarso disse que não poderia devolver os R$ 24 milhões que recebeu de Cristiana Prestes porque tinha usado o recurso para comprar insumos. Ele alegou que gastou totalmente os R$ 24 milhões para poder começar a fabricar os respiradores e acusa o Consórcio Nordeste de não aceitar os equipamentos produzidos pela Biogeoenergy.

“Primeiro, quando uma empresa recebe dinheiro, coloca no fluxo de caixa. Evidente que o dinheiro foi utilizado para compra de peças para respiradores, para tudo. O dinheiro pertence à empresa, que utiliza no que bem entender. Utilizamos no que bem entendemos. Compramos muitas peças, bastante equipamento. Todo o dinheiro foi gasto com ventilador e caixa da empresa”, disse.

“A empresa tem margem de lucro. Não fico com o dinheiro parado aguardando alguma coisa. Não tenho que devolver dinheiro para o Consórcio do Nordeste. Primeiro porque não fiz negócio com o Consórcio do Nordeste. Tenho que entregar os respiradores. Prometi entregar para o governo do estado, que se recusou a receber”, afirmou o empresário.

O caso todo está sendo investigado pelo Ministério Público Federal, em parceria com o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Polícia Federal. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), à revelia do governo baiano, é o responsável pelo caso.

Fonte: Política Ao Vivo
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