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10
Ago/17

Pr. Adejarlan Ramos: Quando o Estado se Torna um deus

Sempre houve diversas formas de cultos. De vez em quando surge, o que poderíamos chamar de religião do Estado. Tem adquirido diferentes formas em vários lugares e tempos, desde o culto aos representantes do Estado até um totalitarismo que obriga o indivíduo a sujeitar sua crença religiosa à intervenção estatal.

A “adoração ao Estado” foi feita. Às vezes, de maneira sutil, em meio às práticas politeístas. Outras vezes, acobertou-se sob doutrinas politicas e filosóficas, mas nem por isso deixou de ser um culto.

Não quero entrar nos méritos dos sistemas políticos. Quero apenas analisar biblicamente o erro de conferir ao governo um valor divinizador. É uma espécie de nacionalismo extremado.

Inicialmente pensemos sobre a origem do Estado. Foi ideia de Deus dispensar autoridade aos homens para que pudessem conduzir os negócios terrenos (Rm. 13.1-6). As posições de autoridade foram instituídas por Deus e portanto devem ser respeitadas. No entanto, isto não significa que Deus aprove tudo aquilo que os governantes fazem.

Em vários momentos na historia bíblica, a religião do Estado se manifestou. Na Babilonia antiga, Daniel defrontou com a religião do Estado. (Dn. 3). Faraó também era tido como um deus. Alexandre acreditava ser filho de sua mãe com um deus e estranho no dia em que viu sair sangue de sua perna!

Os romanos também incensavam ao Imperador e este ato tornou-se uma obrigação civil, cuja desobediência era passível de punição. Muitos soldados cristãos foram martirizados por se recusarem a fazê-lo.
    
Em 14 de julho de 1889, a Bastilha, prisão símbolo do poder monárquico francês, foi tomada. Os historiadores identificaram este acontecimento como o inicio da Revolução Francesa e um dos marcos do inicio da chamada Idade Contemporânea. Os princípios desta revolução foram baseados nos filósofos iluministas e na exaltação da razão como instrumento de regeneração do homem e da sociedade. Foi feito, então a proposta de substituição do culto a Deus pelo culto ao Estado.
    
No Japão até 1945, no término da 2 Guerra Mundial, os imperadores eram considerados descendentes diretos de Amaterasu-Omikami, a deusa do sol, a mais importante divindade da religião pagã japonesa. Este culto teve suas raízes no Xintoísmo.
    
O século XX apresentou várias manifestações de culto ao Estado e ao seu representante, e isto até mesmo dentro de culturas cristãs, por certo visando a destruição destas culturas. É o caso da Alemanha de Hitler, uma nação cristã antiga e berço da Reforma protestante. Neste caso, induzir o povo a adorar Hitler não foi mera questão politica, mas religiosa.
    
João Ribeiro Jr. em seu livro “O que o Nazismo” disse: “Na realidade, Hitler era meio dirigente, meio sacerdote, deificado durante a vida e, graças à mística nazista, só se referiam a ele em termos de adoração bajuladora, do qual era sacrilégio duvidar”.
    
Na antiga URSS o Estado foi colocado no lugar de Deus e a filosofia marxista tornou-se um credo. Os escritos de Lenin e Karl Marx eram tratados com tal reverencia que muitos os comparavam ao zelo com o qual os teólogos pesquisavam as Escrituras.
    
Não podemos cair em um extremismo ao analisar a relação Cristianismo e Estado. Biblicamente, o Cristianismo não é parte do Estado mas também não é inimigo dele. No entanto, como pudemos perceber, o culto ao Estado varia em forma, origem e conteúdo. Embora faça parte da tradição de alguns povos, nem sempre está ligado à cultura desses mesmos povos. Pode surgir de repente, provocado por um nacionalismo extremado ou por uma ideologia que coloque o Estado acima do individuo em todos os aspectos.

Faz-se necessário então, aprender com o passado. Honrar o Estado tem seus limites bem como se sujeitar a ele. Precisamos de equilíbrio: nem rebeldia sutil nem idolatria inconsequente!

Pr. Adejarlan Ramos
Assembleia de Deus em Barreiras
Colunista do Blog do Sigi Vilares
    

Fonte:Blog do Sigi Vilares/Colunistas
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