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21
Set/16

Pr. Adejarlan Ramos: O mundo de Janaína

Naquele início da primavera lá estava ela a andar pelas ruas. Pelo porte físico se percebia que nem a puberdade ainda tinha chegado. Estava na infância, porém, uma infância sem meninagem. Embora menina, não agia como menina. Nem como menina discorria, nem como menina falava. Os folguedos infantis já tinham acabado. Aliás nem tiveram.

No dicionário da sua vida o verbete amor e carinho não estava dicionarizado. Amor era algo muito distante que ela já tinha ouvido falar, mas que lhe foi negado, tanto pela família ausente quanto pelo Estado omisso. Carinho? Não sabia o que era. Faltou-lhe mãos que a acariciasse e lábios que a aconselhasse.

Sim, naquele rosto ameigado e infantil, uma infância que sem passar por estágios, foi se atropelando à puberdade e se acomodando à vida adulta de forma precoce, sutil e única.

Sem frequentar a escola, Janaina, é forçada a fazer da vida a sua própria mestra, que de forma dolorosa e cruel vai eternizando suas lições e deixando-lhe marcas indeléveis e desconfortáveis. O futuro parece não acenar-lhe.

Descalça, Janaina, faz dos semáforos seu “point”. Ali estende as mãos aos veículos pedindo-lhes uma moeda para ver se consegue amenizar a fome que lhe corrói o estômago. Consumistas e capitalistas, os transeuntes fazem de Janaina uma invisível. Ninguém a vê. Ela passa a fazer parte da tão comum paisagem urbana que aliados aos prédios, veículos e grande aglomerado de pessoas se unem numa mesmice monótona e inconsequente. Numa reação quase que coreografada todos não veem o problema como se fosse seu.

Sem muitas alternativas, a que lhe parece mais colorida é a das drogas. As primeiras, ela ganha sem custo algum. Já viciada, põe-se agora a tentar custear o vicio a qualquer custo. Logo já está escravizada.

Sem nenhuma orientação, passa a viver uma vida promíscua e sem medidas preventivas, logo engravida- se. A menina tem a vida interrompida. Logo tornar se - a mãe.

Assim, Janaina já não esperança o futuro e o seu presente se preteriza com uma rapidez incrível. Sua infância foi perdida e agora é projetada nos braços do bebê que acalenta. Mas como as dificuldades perduram, ela é reproduzida em seu bebê.

Agora, ela passará a utilizar o bebê como meio de pedir comida. A calçada será o berço do bebê e a cama de Janaina. Coloca alguns papelões no chão! A madrugada é tão fria quanto os transeuntes da rua. De repente o silencio da madrugada! A cidade está dormindo! Janaina adormece!

Quando abre os olhos é com o barulho dos carros e o sol que se desponta no horizonte! Um novo dia está começando! Só o dia que é novo, pois os de Janaina são sempre os mesmos!

Sim, Janaina é uma criança moradora de rua!

Pr. Adejarlan Ramos
Assembleia de Deus em Barreiras

Fonte:Blog do Sigi Vilares/Colunistas
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