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Jun/23

Mulheres ruralistas ganham espaço na 2ª maior feira de agronegócios do Brasil: 'queremos mostrar que somos capazes'

Fabricante de tratores personalizou máquina em tons de rosa para homenagear protagonismo feminino e, é claro, tentar aumentar clientela

As mulheres ainda são minoria no agronegócio brasileiro, mas aos poucos têm conquistado espaço no setor. O total de mulheres trabalhando em empresas do agronegócio cresceu 13,3% em 2021, em comparação com 2020, segundo a Pesquisa Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações, da Deloitte, maior empresa em serviços de auditoria e consultoria do mundo. Os dados foram divulgados no fim do ano passado, no 7º Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio, em São Paulo.

Na Bahia, duas pessoas se tornaram referência para o mercado nacional: Marcela Tavares e Suzana Viccini, que foram citadas na revista Forbes Brasil na lista das 100 Mulheres Poderosas do Agro, divulgada em outubro de 2022. 

Apesar do avanço, as mulheres ainda são apenas 16,2% do contingente empregado pelo setor. Todavia, no que depender delas, essa realidade vai mudar brevemente. Na Bahia Farm Show, segunda maior feira de agronegócios do Brasil, realizada em Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado, elas são vistas nos mais de 210 mil metros quadrados do complexo do evento, tanto como expositoras quanto como clientes.

Para aproveitar o momento de ascensão feminina no agronegócio, a New Holland, fabricante de implementos agrícolas, resolveu pintar de rosa um dos seus principais tratores, com um selo que estampa o seguinte slogan: "Mulheres que fazem progresso".

A iniciativa chamou a atenção da ruralista Rosangela Werner, que mora no estado do Piauí e visitou a Bahia Farm Show pela segunda vez.

"Nós, mulheres, estamos querendo entrar mais efetivamente no agro. Para mim não importa a cor do trator, importa que ele funcione, mas o rosa mostra que a mulher faz parte, sim, do negócio".

Rosangela lembrou que não costumava ver mulheres em papéis de protagonismo no agronegócio, na infância. "Anos atrás, quando eu era criança, a mulher pilotava fogão e agora pilota trator, colheitadeira, carro, o que quiser. Ela é parceira dentro do negócio, capaz de fazer absolutamente tudo", afirmou a ruralista.

O trator New holland modelo New t7 260 é originalmente azul, contudo, conforme explica o representante comercial da fabricante, Emílio Souza, a cor pode ser alterada no momento da aquisição. A compra é para "quem pode", já que o veículo é vendido por cerca de R$ 700 mil.

"A gente aplicou um rosa sólido para celebrar e marcar esse momento ímpar das mulheres participando do mercado. Tem sido bem interessante o retorno e ver o encantamento delas com esse gesto", comentou ele.

Rosangela Werner foi uma das mulheres que aprovou a homenagem. "As empresas que trazem equipamentos pensando nas mulheres mostram que o nosso trabalho está sendo reconhecido. Isso é maravilhoso, muito bom. Nós queremos crescer junto com as empresas e com todo mundo que faz o agronegócio", disse Rosângela Werner.

Participação feminina

O Núcleo Mulheres do Agro do Oeste da Bahia realizou, na quinta-feira (8), o Seminário Governança Empresarial no Agronegócio, na Bahia Farm Show. No evento, que foi recorde em público no auditório da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), com a presença de mais de 200 pessoas, foram abordados temas como sucessão familiar, gestão e empreendedorismo.

O painel contou com a presença da cofundadora e presidente do Conselho do Grupo Sabin, Janete Vaz, e a consultora em Sucessão e Governança Familiar no Agronegócio, Mariely Biff.

Protagonismo das baianas


A produtora rural e presidente do Núcleo de Mulheres do Agro Oeste da Bahia, Suzana Viccini, foi uma das homenageadas pelo ranking da revista Forbes Brasil, divulgada em outubro de 2022. A produtora de cacau e proprietária da Cacau do Céu Chocolates Finos, Marcela Tavares, que atua em Ilhéus, no sul do estado, também foi homenageada.

Uma ano antes, a agricultora Carminha Maria Gatto Missio, primeira mulher a ocpar o cargo de vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da uBahia (FAEB) também entrou na lista. Ela segue no órgão e também já foi ex-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), divulgado no ano passado, apontou crescimento de 44,2% da liderança das mulheres no campo em 11 anos, na região Nordeste do país.

A pesquisa trata do perfil tanto de mulheres que responderam estar na liderança de propriedades quanto das que assumem outros cargos. Entre as proprietárias, 50% desempenham atividades relacionadas à pecuária e criação de animais; 32% em lavouras temporárias e 11% na produção de culturas permanentes.

No caso que não se declararam donas, as atividades mais comuns são as desenvolvidas em lavouras temporárias (42%), seguidas por pecuária e criação de animais (39%) e em lavouras permanentes (7%).

Conforme a pesquisa da Deloitte, citada anteriormente, o maior empecilho para a contratação e ascensão de mulheres no agro é cultural. Das 400 entrevistadas, no toral, 76% afirmaram que é preciso uma mudança nas organizações agrícolas e mais de 40% das mulheres que já atuam no setor disseram sofrer questionamentos sobre sua capacidade, inclusive física. E isso apesar de o índice de trabalhadoras com ensino superior no segmento ser de 9%, enquanto o de homens é de apenas 3%.

"Isso é um absurdo, porque nenhuma mulher do agro precisa empurrar trator. Até porque, com a tecnologia o trabalho deixou de ser braçal", disse Angela Castro, líder do programa de diversidade e inclusão da Deloitte.

A Bahia Farm Show (BFS), segundo maior evento do agronegócio brasileiro e o mais importante do Norte Nordeste, está na 17ª edição e recebe pessoas de várias partes do Brasil desde terça-feira (6). A feira segue até sábado (10) e tem como meta movimentar mais de R$ 7,9 bilhões em negócios, além de receber público recordo superior a 100 mil pessoas.

O evento reúne o que há de mais avançado em plantadeiras, colheitadeiras, pulverizadores, tratores e aviões agrícolas, dentre outros recursos que podem levar maior precisão e autonomia para trabalho no campo, ampliando a produtividade.

Fonte:Postado por Blog do Sigi Vilares, do G1/BA
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