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Jul/21

Como pressão de Leão por candidatura ao governo pode ajudar plano de Rui Costa

A elevação do tom do vice-governador, João Leão (PP), em defesa da própria candidatura ao governo do Estado tem levantando suspeitas sobre se ele age sozinho, pensando exclusivamente na aventura de concorrer à sucessão de Rui Costa (PT), ou se estaria sendo apoiado secretamente no grupo governista pelo próprio governador. Quando defende que o PT abra mão de indicar o senador Jaques Wagner à cabeça da chapa, em favor de um aliado como ele próprio, Leão está, na prática, forçando a barra para negociar sua ascensão ao cargo de governador por meio da renúncia de Rui Costa.

A mensagem não é explícita, mas assim a decodificam forças aliadas a Rui, porque tanto elas quanto Leão e o próprio governador sabem que o melhor candidato do grupo à sucessão estadual é o senador Jaques Wagner. Portanto, o plano do vice não passa de uma estratégia com objetivos indiretos ao que efetivamente indica. Leão deseja vender certa dificuldade para estabelecer uma negociação com o PT e os aliados que coloque sobre a mesa o projeto de se tornar governador do Estado por ao menos nove meses. Para isso, Rui, no entanto, teria que renunciar ao comando do governo.

E a renúncia só se justificaria se o governador decidisse, por exemplo, concorrer ao Senado, o que Rui deseja imensamente – embora não admita ainda -, assim como sua mulher, Aline Peixoto, e um grupo de assessores e auxiliares pequeno e que não apita nada politicamente. A operação seria tranquila se, com a decisão, o PT não se tornasse titular de duas das três vagas na chapa – para o governo, a vice e o Senado – e acabasse implodindo o sonho de um aliado importante, Otto Alencar (PSD), de se reeleger senador ao lado de Wagner.

Em outras palavras, trata-se de um plano que contenta principalmente a Leão e a Rui, mas alija Otto, que não aceita disputar de jeito nenhum a vice, gerando um problema político com o PSD do senador cujo resultado imediato é desarrumar o time que Wagner busca escalar para 2022. Rui tem, de fato, um estímulo visível para colocar, entre seus sonhos, a eleição ao Senado: é o fato de despontar como favorito à vaga entre todos os nomes lembrados até o momento, segundo as pesquisas de intenção de voto para 2022 divulgados até aqui.

Mas o incentivo está longe de ser o único, além de o mais importante, entre os avaliados pelo governador e sua pequena trupe próxima. O que Rui deseja, tal qual todo governador em fim de gestão, é se assenhorar de uma benesse que chegará junto com o eventual novo mandato legislativo: a famosa imunidade parlamentar. Foi isso que motivou Wagner a concorrer ao Senado, mostrando-se, inclusive, em curto espaço de tempo, iniciativa sábia e oportuna para ele. O problema é que ninguém abre a boca para falar que disputará um mandato por esta razão. Melhor deixar que, por vias indiretas, Leão cumpra essa papel.

Fonte:* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna
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