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Abr/21

Violência contra a mulher : Os efeitos colaterais da pandemia sobre a vida das mulheres

Por Shirley Costa

Os dados trazidos pelo Monitor da Violência da pandemia sobre as mulheres se torna evidente a gravidade desses "efeitos colaterais" especialmente as mais pobres, chefes de família e com filhos, foram afetadas de diversas maneiras: perda da renda, falta de creches e escolas, impossibilidade de adotar medidas de distanciamento social e o aumento da violência doméstica são alguns dos fatores que mais tiveram impacto sobre a vida dessas mulheres.

O aumento dos homicídios e feminicidios de mulheres pode estar relacionado, o aumento do tempo de convivência entre as vítimas e autores, o agravamento de episódios de violência pré-existentes, à suspensão de serviços prestados por instituições de acolhimento a vítimas de violência doméstica, ou o distanciamento das redes de apoio de familiares e amigos. Analisando o perfil das vítimas, é possível notar que essas formas de violência não atingem todas as mulheres da mesma maneira.

A desigualdade racial se faz presente também nestes casos... Considerando os estados onde foi possível obter a informação sobre a cor/raça das vítimas, o Monitor da Violência apontou que no caso dos homicídios, 73% das mulheres mortas eram negras, enquanto que mulheres brancas eram 26% das vítimas. . É importante ressaltar que a desigualdade racial entre as mulheres vítimas é uma tendência observada ao longo dos anos, isso ascende um alerta para as políticas de prevenção da violência de gênero, que precisam considerar a interação entre as diversas formas de opressão às quais as mulheres estão submetidas.

Os efeitos da pandemia na vida das mulheres, extrapolam a dimensão da doença em si, e intensificam desigualdades pré-existentes,a necessidade do isolamento social para conter a disseminação do vírus contribuiu para o distanciamento das mulheres de suas redes de apoio, em especial das mulheres pobres, negras, em situação de violência de gênero. Situações que normalmente já são ocultadas e dissimuladas, como as agressões físicas e psicológicas no ambiente doméstico, e os estupros e assédios de toda ordem acabaram ficando ainda mais invisibilizadas.

Desde a maior vulnerabilidade no mercado de trabalho até as situações de violência doméstica e feminicídio, a pandemia escancarou a necessidade da elaboração de políticas de segurança para as mulheres considerando os mais diferentes tipos de opressão e desigualdade às quais estão sujeitas. As políticas públicas que realmente estão preocupada com o enfrentamento da violência de gênero, em suas múltiplas formas, precisa considerar todas as diferentes experiências e limitações que as mulheres podem ter a depender da sua inserção social, raça e escolaridade.

Tal proposição deve convergir para uma perspectiva de transversalizar e de intersetorializar as políticas públicas voltadas às mulheres, no sentido do fortalecimento da capacidade institucional, consolidando uma governabilidade democrática e participativa.

Por Shirley Costa

Fonte:Blog do Sigi Vilares/Colunistas
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