Reduzir a menoridade penal é o mesmo que tentar curar câncer a base de morfina, ao invés de atacar a causa ataca o sintoma. O que caba de ser aprovado é simplesmente uma medida populista para tentarem se afirmarem socialmente em busca de votos nas próximas eleições. Apelar para a redução da menoridade é um descomprometimento com a sociedade no que se refere a uma proposta educacional capaz de arrancar o sujeito da ignorância e conduzir a uma realidade onde permite a este, ver o mundo para além das lentes.

Se fossemos apelar para a proposta moral, partindo do principio “certo e errado” os nossos adolescentes deveriam ser julgados e condenados não aos 16 anos, mas aos 07, já que segundo a ciência, com esta idade, a criança já sabe o que e “certo e errado”, como diz o pensador Francês Jean Pool Sartre, “com sete anos temos a idade da razão”. Imagine nossas crianças diante de um tribunal para ser julgados e condenados aos 07 anos de idade. Uma sociedade não se constrói com leis, mas com “homens e livros”. As leis são de fato uma prova que somos ignorantes, pois precisamos de um código para dizer o que devemos fazer. Chegamos ao cúmulo, precisamos de uma lei para nos “adestrarmos”. Existe ditadura maior que essa? Só a ditadura da magistratura que julgam todos e não são julgados, como disse Rui Barbosa, um dos maiores jurista que o Brasil já teve. Os nossos adolescentes não são presas são caças. 

A nossa sociedade está enferma, anêmica, na UTI, precisa ser curada. A nossa cura depende única e exclusivamente de “educação” e não de formação ou informação. Uma educação capaz de nos transcendermos, que nos fazem deixar de ser galinha e ser águia, como diz o grande teólogo do nosso século Leonardo Boff. Enquanto a galinha abaixa a cabeça à águia olha do alto. Até quando vamos ser galinha?

Por Padre Uilson Mello
Filósofo Teólogo e Mestrando em Filosofia da Educação pela a UFP.