Todos os anos nos deparamos com a perda de uma grande parcela de nossos pioneiros, o que nos causa um torpor gigantesco. São histórias perdidas e levadas para o túmulo sem que nos preocupemos se haverá renovação, pois corremos o risco de perdemos a memória em virtude de um processo acelerado, também, da geração que teria a obrigação de perpetuar as memórias dos mais idosos; nossos jovens estão partindo de forma violenta bem mais rapidamente do que o curso natural da vida, onde o ciclo é invertido ao constatarmos pais enterrando filhos e não o contrário, teremos renovação?

Se continuarmos de braços cruzados na zona de conforto, enclausurados atrás dos nossos muros e cercas elétricas daqui há alguns anos não teremos quem narre o último grande êxodo dos cearenses, contados com a riqueza de detalhes que o caso enseja, é necessários nos organizarmos para não termos abortada a próxima geração, e a responsabilidade é de cada um e de todos, se não começarmos agora não teremos no futuro nem as reticências que indicavam interrupção de fala ou pensamento; o que teremos é um enorme ponto final.

Quem não se lembra das figueiras tardes, onde se podia sentar no terreiro e degustar uma tapioca com café, jogar conversa fora e deixar passar o tempo, dar banhos nos filhos, arrumá-los e deixá-los sentados na porta da rua à espera do pai.

A Vila dos Funcionários precisa renascer, muitos dos seus males são oriundos da vizinhança ou de forasteiros, mas a vila é nossa; temos obrigação de alertar para os males que fazem sucumbir nossa juventude. Meios para isso temos o necessário para começarmos a guinada rumo a um futuro mais promissor, embora saibamos não ser o suficiente, pois temos aqui, oriundos do Piauí e do Ceará nomes que honram o grande mosaico de cultural: são mestres, doutores, pedagogos, sociólogos, assistentes sociais, gerentes educacionais, temos grupos culturais de renome nacional, esporte, e um povo destemido e forte que não se cansa de lutar; provas incontestáveis foram as sagas da chegada, a adaptação e a permanência.

Os tempos são outros, as batalhas mais adversas; no entanto não é hora de esmorecimento, precisamos de representantes locais e não aventureiros que se apossam da vila de quatro em quatro anos, que, acima de tudo pregam a discórdia e a desunião, e traz como resultado a ausência de fiéis representantes do seu lugar, as consequências estão debaixo dos nossos olhos: violência exacerbada, falta de locais de lazer, total ausência de ações do poder público, visto não ser um feudo político, falta de infraestrutura básica, vias esburacadas, quadras destruídas, a negação total do estado da sua premissa , que é a promoção do bem comum, juntos no paredão estão os mandatários estaduais, municipais, federais que aqui pousam como sanguessuga, depois mais quatro anos de esquecimento, chegou a hora de dar um voto de confiança a quem é daqui e tem históricos de lutas pelos seus, aos aventureiros de plantão somos apenas números, o jogo é sujo, um contrato que nem sempre ou quase sempre é honrado, uma fila em frente à prefeitura, uma espera secular pelo “seu” representante e nada muda ou tende a mudar, enquanto práticas desta natureza, caducas e vis forem o mote de certos mandatários.

Eis aí o caldo de cultura onde repousam as feridas sociais como: o crime contra pessoa, as drogas, o ócio, que é o pai de todos os vícios, a desagregação familiar parece até que não se sonha mais por estas terras.

A hora é de um pacto pela VILA DOS FUNCIONÁRIOS, ou seja pela VIDA em todas as suas formas, chegou a hora de dizer não aos incautos, aos aproveitadores, chega de morte de jovens, chega de falta de opções, de trabalho, a hora é esta. Seja você o primeiro agente da mudança, e por acreditar imorredouramente na VILA e nas pessoas, é que se conclui: Teremos mudança!

Guilherme Filho

Nota do Blog: Vila dos funcionários é um bairro em Barreiras onde a violência vem ceifando diversas vidas, principalmente de jovens e adolescentes.