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Out/14 |
Grupo armado do Tocantins invade fazenda na Bahia e acaba expulso pela polícia civil |
Delegado Leonardo Almeida comandou os agentes das polícias civis de LEM, Barreiras e Formosa do Rio Preto na operação
Escudo da polícia civil do Tocantins
A Fazenda Santa Maria, localizada no município de Formosa do Rio Preto, foi invadida por vários homens fortemente armados no último dia 11 do mês passado. Mas o caso só foi registrado na noite de ontem, terça-feira, 15, no complexo policial de Barreiras.
Segundo o proprietário da fazenda, senhor José Raul Alkmim Leão, que foi entrevistado pelo Blog do Sigi Vilares, o fato ocorreu por volta da meia noite e meia dia 11 de setembro. Ele se encontrava-se em Brasília/DF, em sua residência, quando tomou conhecimento, via telefone, que quatro viaturas da polícia civil do estado do Tocantins, acompanhados de mais dois veículos de uma empresa de segurança, estavam se deslocando para a sede de sua fazenda, localizada às margens do córrego Nove galhos, próximo ao povoado dos Prazeres, zona rural de Formosa do Rio Preto.
Armamento deixado para trás pelos invasores
Disputa de terras
Ainda conforme o senhor José Raul, o mesmo construiu a sede da fazenda no ano de 1980, ou seja, já é proprietário há 34 anos. A casa sede tem seis, uma piscina, uma pista de pouso de avião com 1.200m, canal de irrigação, onde chegou a plantar 3 mil hectares de arroz irrigado, matinha de 2.5 mil a 3 mil cabeças de vacas parideiras, mais de 100Km de cerca de aroeira com cincos fios de arame liso, curral de aroeira que comporta 1.500 cabeças para manejo.
Parte da fazenda Santa Maria, foi vendida posteriormente onde hoje existem mais de 542 famílias assentadas, seis cooperativas e três grandes industrias, como a Bunge, a Cargil e outras indústrias instaladas a anos no local.
Em 27 de setembro de 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso, juntamente com no ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, publicou um decreto desapropriatório, atingindo uma área de 716.000 hectares, atingindo os municípios de Mateiros e Ponte Alta, no Tocantins e parte do município de Formosa do Rio Preto na Bahia, atingindo parcialmente a fazenda Santa Maria, com cerca de 45.715 hectares, onde está inserida a sede do objeto dessa invasão.
Na entrevista, o agricultor José Raul Alkmim, disse que houve três invasões a sua fazenda, tentando tomar a força. A primeira invasão, ocorreu no mês de dezembro de 2013, onde José Raul registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia de polícia de Formosa do Rio Preto. No dia 14 do mesmo mês, o mesmo esteve acompanhado de policiais da CIPE/Cerrado que retirou os invasores.
Neste período da invasão, o senhor Juca de Araújo Leite, foi encontrado no interior da sede da fazenda, sendo que o mesmo declarou para a polícia do Cerrado, que estava ali por mando de outra pessoa que se dizia ser proprietário de uns lotes de terras situados no estado do Tocantins.
A segunda invasão ocorreu há aproximadamente noventa dias, sendo que outra vez, liderada pelo senhor Juca com pistoleiros do estado do Pará, fortemente armados, tendo o mesmo sido intimado na sede pelo delegado de Polícia Civil de Formosa do Rio Preto para prestar esclarecimentos e nessa oportunidade, na delegacia o comunicante prestou declarações e informou ao senhor Juca e seus comparsas que estava naquele momento com seus filhos se deslocando para sua sede que iria utilizar os meios que fossem necessários para a defesa de sua casa.
Mais armas
O senhor José Raul, ao chegar da sede da fazenda, se deparou com o estado estarrecedor em que esses indivíduos deixaram sua residência, arrebentaram todas as portas e janelas, roubaram seus pertences, danificaram todo o sistema de energia sola instalados no local, sendo que o mesmo acabou posteriormente recompondo os danos do vandalismo ocorrido em sua residência, sendo que o proprietário José Raul, gastou em torno de R$ 94 mil reais na recuperação.
O mesmo teve que substituir portas e janelas de madeira arrombadas por eles, substituiu as telhas por interior, que para retirada do sistema de energia solar, ficaram destruídas, que este material e outros gastos com materiais de construção, totalizou o valor acima.
Ele verificou que em sua sede outra vez 12 colchões de solteiro novos, três colchões de casal novos, e suas respectivas camas, 24 lençóis de solteiro e seis lençóis de casal, bem como 12 cobertores de solteiros e três de casal, 20 travesseiros com fronhas, um grupo de gerador e ainda uma máquina de pulverização, o telefone adquirido recentemente em Luís Eduardo Magalhães no valor de R$ 8 mil, com sistema de repetidora, não foram achados na fazenda, suspeitando-se que todos estes objetos foram furtados, onde foi comprovado pelo delegado Leonardo Almeida Mendes em uma operação ontem.
Colete apreendido
Operação
A terceira invasão ocorreu no dia 11 de setembro, vindo a se findar nesta quarta-feira, 15, quando uma operação comandada pelo delegado Leonardo Almeida, juntamente com as polícias civis de Luís Eduardo Magalhães, de Barreiras e Formosa do Rio Preto, foram encontradas várias trincheiras que foram abertas próximas ao tronco das árvores de madeira nobre. Na busca feitas pelos policiais civis foram encontrados restos de caça, ou seja, uma pata de um Caititu recentemente abatido, uma rede de pesca e uma arapuca (armadilha) para pegar pássaros.
Esses crimes ambientais, assim como a rede, a armadilha, serão apresentados ao instituto "Chico Mendes" esses crimes perpetrados por esse grupo da Escolta Armada "Atalaia" que esteve no local, liderado mais uma vez por Juca, onde a sede da escolta armada tem sede no estado do Tocantins.
A escolta armada utilizavam equipamentos fora dos padrões estabelecidos pela Polícia Federal em operação de guarda de propriedade, que em hipótese alguma é admissível nenhum tipo de escolta armada dentro dos limites territoriais de uma unidade de conservação ambiental, sendo este crime de total responsabilidade dos órgãos ambientais sua apuração. Ainda foram comprovados inúmeras irregularidades praticadas por esses invasores.
O delegado Leonardo, juntamente com sua equipe da polícia civil, apreenderam ontem, quarta-feira, 15, várias armas de fogo, sendo seis pistolas, cinco espingardas calibre 12, ambos com várias cápsulas intactas, além de carregadores das pistolas, vários coletes a prova de bala e um escudo de proteção da polícia GOTE do estado do Tocantins, encontrados na fazenda e em posse dos seis indivíduos da escolta armada.
De acordo com informações ainda, no dia 11 de setembro houve a invasão a sede da fazenda, com a presença de quatro viaturas da polícia do estado do Tocantins, retirou os pertences do comunicante e deixou na posse da sua sede até ontem a escolta armada da empresa Atalaia, sob liderança e ordens do senhor Juca de Araújo Leite.
Houve ainda neste período a tentativa de homicídio contra o filho do proprietário José Raul, onde o bando perseguiu o filho por cerca de 50 Km disparando com armamento de calibre pesados cerca de 70 tiros contra Herberth Marques Leão, sendo que a vítima conseguiu escapar com vida a bordo de uma caminhonete Toyota Hilux em fuga, mais uma vez liderado pelo senhor Juca.
O senhor José Raul ainda em entrevista ao Blog do Sigi Vilares, relatou que tem toda a documentação que é proprietário desde 1980, além da documentação dos proprietários anteriores a eles que foram donos a mais de 166 anos atrás na cadeia dominial sem interrupções, que comprovam a veracidade do fato. Além do mais, ele relatou que possui vários outros documentos, como do IBGE, da cartografia do estado da Bahia, o Instituto de Terras (Intertins) do estado do Tocantins, reconhecendo que a sede da referida fazenda pertence a Bahia, além de duas decisões judiciais tramitados e julgados que confirmam que ele é proprietário particular da Fazenda Santa Maria em Formosa do Rio Preto na Bahia.
Farta munição
A invasão de ontem foi registrada no complexo policial de Barreiras, onde a polícia civil continuará investigando o caso.
Para finalizar a entrevista, José Raul externou o agradecimento na solução do caso com apoio do governo do estado da Bahia, também agradeceu a equipe das polícias civis dos três municípios supracitados comandados pelos delegado Leonardo Almeida, os quais defenderam o seu território.