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Nov/23

Um sol para cada pessoa: onda de calor afeta rotina de moradores do oeste baiano

115 cidades baianas estão em sinal de alerta, segundo o Inmet


Formosa do Rio Preto e Santa Rita de Cássia registraram temperaturas acima de 40 °C

"Acordo indisposta e cansada, com a sensação de que passei à noite em claro". É assim que a assistente social Nilza Magalhães, 52 anos, descreve o acordar na cidade de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia, nos últimos dias. Isso porque uma onda de calor similar à que atingiu algumas cidades do estado em meados de setembro tem influenciado altas temperaturas no município, que registrou uma máxima de 39,8 °C no último domingo (12).

Somente na madrugada de domingo para segunda, a assistente social acordou três vezes, com muita sede, apesar manter uma alimentação saudável e mais leve, justamente por causa das temperaturas elevadas.

"Consumo muitos líquidos, principalmente água e suco, mas essa noite foi demais, mesmo com o ar-condicionado e umidificador de ar ligados. Eu colocava a mão no meu corpo e pensava que estava com febre, foi muito difícil", disse Magalhães, que ainda levantou para tomar banho, buscando amenizar a situação.

A rotina da moradora de Bom Jesus da Lapa foi impactada diretamente com o clima do município. Era costume tomar, no máximo, três banhos ao dia. No entanto, esse número chega a dobrar em dias mais quentes: são cinco ou seis banhos diariamente. Além disso, a assistente social evita sair de casa no período de 10h30 às 16h, por causa do calor.

"Não aguentamos o calor mesmo. Quando aparece um ventinho, eu saio na porta da rua, mas ainda sinto que é um vento quente. Por isso, evito de ir à rua. Se tenho compras a fazer, por exemplo, priorizo o início da manhã. Tínhamos uma rotina que alterada pela onda de calor. Eu brinco que é um sol para cada pessoa em Bom Jesus", pontua.

A massa de ar quente que atinge Bom Jesus da Lapa e todo o oeste baiano é responsável por impedir a movimentação de chuvas e massas de ar frio na região, como explica o meteorologista do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) Aldirio Almeida. "Este bloqueio atmosférico é responsável por concentrar as chuvas e massas de ar frio na região Sul, impedindo sua progressão para outras áreas", explica.

Moradora de Barreiras e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Maria Anália Miranda também aponta mudanças na rotina, especialmente no consumo de alimentos, na escolha das roupas e no consumo de ar-condicionado, que dobrou.

"Não dá para manter refeições densas, temo que aumentar o consumo de frutas, verduras e água. As roupas também tiveram que mudar, não só o modelo, mas também o tipo de tecido, mais algodão do que poliéster, por exemplo", explicou a educadora.

Para Miranda, atravessar o portão para encarar a rua é um ato de coragem. "É preciso estar bem disposto. A cidade está mais agitada, o trânsito está irrequieto e os mercados estão com filas enormes, porque os moradores estão comprando muito líquido, muita fruta, tentando enganar o calor", disse.

Na cidade de Formosa do Rio Preto, as aulas da rede municipal de ensino continuam com horário especial, que vigora desde de 18 de setembro, mês em que a cidade registrou 44 °C. Segundo a Secretaria de Educação do município, 30 minutos foram reduzidos em cada turno, impactando mais de 4 mil alunos da rede.

Sinal de alerta

O Inmet emitiu um boletim de alerta das cidades que serão atingidas por ondas de calor até esta sexta-feira (17). 115 cidades baianas aparecem na lista.

O instituto reforça que em caso de emergências causadas devido a onda de calor, a Defesa Civil pode ser acionada através do telefone 199.

Fonte:Correio da Bahia
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