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Out/23

Invasão de terras e ameaças a indígenas: o impacto das facções no extremo sul da Bahia

Casal foi morto em estrada no domingo (15) após ataque armado de grupo criminoso de Eunápolis

A presença de facções criminosas no extremo sul da Bahia tem gerado medo para moradores e, principalmente, para as comunidades indígenas que vivem na região da Aldeia de Barra Velha, localizada às margens da Estrada de Caraíva, que liga a zona turística do litoral a municípios como Porto Seguro, Itabela e Eunápolis. Os povos originários, que já vivem há anos em um conflito por terras com fazendeiros, agora precisam lidar com outro problema: as invasões e ameaças de grupos criminosos.

A reportagem ouviu uma liderança dos povos indígenas da região, que são da etnia Pataxó. Sem se identificar por já ter sofrido ameaças de traficantes, a fonte confirma a presença de ao menos uma facção na região. "Existe dentro do Xandó uma facção realmente, mas não há ainda uma dentro de Barra Velha. Eles estão tentando entrar aqui e chegaram atacar a casa de um cacique com tiros. Ninguém ficou ferido e eles não estão instalados", conta a fonte.

Xandó e Barra Velha são aldeias de uma mesma região e ficam à beira da Estrada de Caraíva, onde a Coluna Satélite, do CORREIO, já noticiou a presença de facções criminosas. A liderança dos Pataxó na região sul aponta que as facções tentam recrutar adolescentes indígenas que moram por lá. A intenção seria montar um 'efetivo' das facções nas zonas rurais, onde estão localizadas as terras indígenas. Uma dessas, inclusive, já teria sido um QG para armazenamento de drogas e armas.

"Há pouco mais de uma semana, fizemos um movimento de retomada em fazendas da região que são dos indígenas. Uma dessas, a Fazenda Fabrinha, era sede do tráfico. Tinha balança, máquinas para prensar drogas e outros equipamentos. Por conta disso, a gente tem sofrido pressão e ameaças deles. Ninguém dorme mais de porta e janela aberta, tiraram a nossa paz aqui", completa ela.

A liderança diz ter provas do caso, mas preferiu não enviar para reportagem, afirmando que a situação já foi denunciada à Justiça. A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) foi procurada para informar se tem conhecimento da situação e se tomou alguma providência, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) também foi procurada, mas não deu retorno.

Fonte:Correio da Bahia
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