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Set/23 |
Barreiras: PM faz segurança de escola um ano após atentado armado que terminou com morte de estudante |
O ataque que deixou uma aluna morta na Escola Municipal Eurides Santana, em Barreiras, no oeste da Bahia, completou um ano nesta terça-feira (26). A unidade de ensino é cívico-miliar e, desde então, policiais se revezam para manter a segurança de estudantes e funcionários.
Enquanto tenta superar o trauma, a comunidade escolar promoveu um culto ecumênico na quadra, para homenagear a estudante Geane da Silva Brito, assassinada na ação. Ela tinha 19 anos, era cadeirante e tinha paralisia cerebral, o que dificultou a mobilidade para tentar fugir do ataque.
A escola tem 778 alunos, divididos entre os turnos matutino e vespertino. Atualmente, dez policiais militares se revezam durante as aulas para garantir a proteção em toda a área interna. Este rodízio disciplinar é feito sob escala. Câmeras de segurança ainda não foram instaladas.
"Temos que fazer a prevenção e isso temos feito diariamente, antes, durante e logo depois da estadia dos alunos na escola", disse o capitão da Polícia Militar, Antônio Carlos.
Além da segurança promovida pelos militares, novos protocolos de segurança foram adotados. Uma portinhola foi instalada no portão e alunos e funcionários só podem entrar na instituição depois de se identificarem, por meio de uma lista com nomes das pessoas autorizadas.
O ataque aconteceu pouco depois das 7h de 26 de setembro de 2022, quando os estudantes se preparavam para as atividades do dia. O ato foi cometido por um aluno da escola, de 14 anos, que entrou atirando e, depois de atirar, usou duas armas brancas. Ele também tinha em mãos uma arma de fabricação caseira. Uma pessoa que não foi identificada atirou quatro vezes no aluno, impedindo que o ataque continuasse. O agressor sobreviveu, mas ficou tetraplégico e cumpre medida socioeducativa em casa.
A polícia nunca divulgou a motivação do atentado, contudo, informou que analisou diversas publicações de discursos de ódio, feitas nas redes sociais pelo atirador. As mensagens de conteúdo racista e xenofóbico, especialmente contra baianos, eram compartilhadas por ele com frequência.
Traumas
Por causa do ocorrido, muitas pessoas que estavam na escola, naquela manhã, fazem acompanhamento psicológico para superar o trauma. A direção da escola informou que conta com apoio da gestão pública municipal, que prestar esse serviço aos professores e alunos.
"Todas as vezes que nós precisamos, eles [prefeitura] estão sempre nos enviando uma terapeuta e um psicólogo. Sempre estão assim. Foi disponibilizado, não só para os alunos, mas para os pais", contou a diretora da escola, Maria Rúbia.
Logo após o ocorrido, a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Barreiras montou um plano de cuidados, juntamente com a Secretaria de Saúde e Assistência Social, e diversos parceiros, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e psicopedagogos especialistas em educação para fazer o atendimento à comunidade escolar.
Um ano depois do atentado, a tragédia ainda emociona quem vive no local, e as lembranças da vítima não se apagaram.
"Tudo isso ainda mexe muito com a gente, porque sempre que chegava pela manhã, a Geane estava sentada na sala, para que eu fosse falar com ela. Sempre chegava brincando e do jeito dela, ela se expressava e eu entendia", recordou a diretora Maria Rúbia, falando sobre a vítima do atentado.
Geane cursava o 9° ano do Ensino Fundamental, sonhava em ser policial, e tinha boa relação com professores e colegas. A jovem vivia com os pais na zona rural de Barreiras, no povoado Ilha da Liberdade.
As investigações concluíram que o atirador não tinha alvo específico, no entanto, se voltou para Geane devido à dificuldade de locomoção dela. Os colegas conseguiram correr, porém, a estudante foi esfaqueada e morreu ainda na escola, antes de receber socorro.
A mãe de Geane, Luciene Brito, diz ter a impressão que a filha viajou e que um dia vai voltar. "A dor é imensa. Todos os lugares que a gente passa, a gente vê Geane. As vezes fico pensando que ela está viajando e depois vai voltar, mas nunca chega", disse, emocionada.
Lavradora, Luciene Brito tenta preencher o vazio que ficou pela morte da filha com as tarefas diárias na roça e em casa, mas a saudade que sente da menina é irremediável, e "muito maior do que se possa imaginar". "A todo momento peço a Deus que me ajude a suportar essa dor, porque é grande", desabafou.