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Jul/24

Ministério da Saúde alerta para riscos de grávidas com febre do oropouche

Instituto Evandro Chagas identificou quatro recém-nascidos com malformações neurológicas que tinham anticorpos para o vírus, o que indica um quadro de infecção durante a gravidez

O Ministério da Saúde fez um alerta sobre os riscos para gestantes com a disseminação da febre oropouche pelo Brasil, doença infecciosa transmitida por mosquitos e que se manifesta de forma semelhante à dengue.

Em nota técnica publicada na semana passada, a pasta destaca a identificação pelo Instituto Evandro Chagas (IEC) de quatro casos de microcefalia em recém-nascidos ligados à infecção da mãe pelo vírus.

No documento, o Ministério orienta intensificar a vigilância da doença em gestantes e recomenda medidas para evitar o risco entre elas, como evitar áreas onde há muitos insetos e utilizar repelente.

Alta da febre Oropouche

Assim como a dengue, a febre oropouche também vive uma explosão de casos em 2024 no Brasil. Segundo a nota técnica, até o último dia 7 foram confirmados 7.044 casos da doença laboratorialmente – alta de 743% em relação ao acumulado de 2023, quando foram 835.

Além do aumento de casos, que já havia sido alertado pelo Ministério em outras ocasiões, houve uma descentralização do diagnóstico molecular para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN), e os casos negativos de dengue, zika e chikungunya passaram a ser testados automaticamente para febre oropouche, o que eleva os registros oficiais.

“À medida que os esforços para a detecção do vírus Oropouche (OROV) foram ampliados, identificou-se um aumento do registro de casos pelo território brasileiro, com detecção inédita em diversas UF (unidades da federação), pois, anteriormente, o registro de casos estava concentrado prioritariamente na Região Norte”, diz a nota técnica.

Risco de transmissão para o feto

Em relação à transmissão vertical, quando a infecção é passada da gestante para o feto, o documento diz que estudos com animais já apontavam para a possibilidade com o vírus da febre oropouche (OROV).

“Com base nesses resultados, a possibilidade de transmissão do OROV da mãe infectada para o bebê durante a gestação é considerada desde os primeiros surtos identificados no Brasil, porém sem evidências científicas consistentes sobre a ocorrência da transmissão vertical e o efeito da infecção de OROV sobre teratogenia ou aborto”, afirma o documento.

Agora, em junho deste ano, análises do IEC detectaram anticorpos para o OROV, que indicam a infecção pelo vírus, em quatro recém-nascidos com microcefalia, três com um dia de vida e outro com 27 dias de vida.

“Essa é uma evidência de que ocorre transmissão vertical do OROV”, diz a nota técnica, ainda que seja insuficiente para estabelecer sozinha uma “relação causal entre a infecção por OROV durante a vida intrauterina e malformações neurológicas nos bebês”, como ocorre com o Zika.

Além disso, neste mês, outra investigação de um feto que morreu com 30 semanas de gestação identificou material genético do vírus da febre oropouche no sangue do cordão umbilical, placenta e diversos órgãos, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço, dele.

“Análises laboratoriais e de dados epidemiológicos e clínicos estão sendo realizadas para a conclusão e classificação final desse caso”, diz o Ministério.

Recomendações para gestantes

Nesse cenário, em que as evidências apontam para uma possibilidade significativa de que o vírus da febre oropouche seja transmitido da gestante para o feto e provoquer casos de malformação e aborto, o Ministério da Saúde orientou algumas medidas.

Entre elas, que se intensifique a vigilância dos “desfechos da gestação e da avaliação e acompanhamento do bebê em mulheres com suspeita de arboviroses durante a gravidez” e “dos casos de abortamento, óbito fetal e malformações neurológicas congênitas, com coleta de amostras de soro, sangue, sangue de cordão, líquor e tecidos para pesquisa de marcadores da infecção pelo OROV”.

Além disso, para as grávidas, recomendou que:

  • Evitem áreas onde há muitos insetos (maruins e mosquitos), se possível, e usar telas de malha fina em portas e janelas;
  • Usem roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
  • Mantenham a casa limpa, incluindo a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, e o recolhimento de folhas e frutos que caem no solo;
  • Se houver casos confirmados na sua região, sigam as orientações das autoridades de saúde locais para reduzir o risco de transmissão.

O que é a febre oropouche?

A febre oropouche é uma infecção causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense, transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, na região amazônica.

Nos locais silvestres, outros insetos que podem disseminar o patógeno são o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus. Já em áreas urbanas, onde a circulação do vírus é menos comum, o mosquito Culex quinquefasciatus também atua como um vetor.

Quais são os sintomas da febre oropouche?

Os sintomas, muito similares aos da dengue e da chikungunya, duram entre dois e sete dias e incluem:

  • Febre de início súbito;
  • Dor de cabeça intensa;
  • Dor nas costas e na lombar;
  • Dor articular;
  • Tosse;
  • Tontura;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Erupções cutâneas;
  • Calafrios;
  • Fotofobia;
  • Náuseas;
  • Vômitos.

Qual é o tratamento para a febre oropouche?

Não existe tratamento específico para a doença. Com o acompanhamento médico, são indicados medicamentos para aliviar os sintomas enquanto o sistema imunológico do paciente combate a infecção.

Fonte:O Globo
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