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Dez/24 |
Mapa de Chacinas: Bahia lidera ranking de pesquisa sobre mortes no Norte e Nordeste do país |
Jequié
O número de chacinas registradas na Bahia entre os anos de 1988 e 2023 coloca o Estado em destaque no Mapa de Chacinas Norte e Nordeste. O levantamento foi realizado em parceria entre a Rede Liberdade e o grupo de pesquisa e extensão Clínica de Direitos Humanos do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), divulgados exclusivamente pelo g1 neste domingo (1º).
Ao todo, mais de duas mil mortes em 489 chacinas foram mapeadas nas duas regiões no período. A Bahia soma o maior número de casos documentados: 104 chacinas, sendo 46 em Salvador.
Em seguida aparece o estado do Ceará, com 75 homicídios em massa, sendo 24 deles na capital Fortaleza. O estado do Pará é o terceiro com mais registros, somando 69 ocorrências, 22 delas somente em Belém.
O levantamento aponta que a maior parte dos casos foi registrada em zonas rurais, 45,4%; áreas urbanas foram cenários de chacinas em 38,4% dos casos; enquanto 16,2% ocorreram em regiões intermediárias.
Mapa das Chacinas Norte e Nordeste
Estado | Cidades onde as chacina ocorreram |
Bahia | Salvador, Jequié, Lauro de Freitas, Serra Preta, Simões Filho e Vitória da Conquista |
Ceará | Aquiraz, Sobral, Limoeiro do Norte, Fortaleza e Maranguape |
Pará | Abaetetuba, Altamira, Parauapebas e Belém |
Conforme a diretora-executiva da Rede Liberdade, Amarilis Costa, o Mapa de Chacinas nasceu de uma dinâmica de estudos sobre letalidade policial e violência de estado dentro da Rede Liberdade.
Ela também explicou que o foco de fazer o estudo nas regiões Norte e Nordeste se dá justamente pelo fato de que existe um apagão de dados e estudos que olhem especificamente para essas regiões do Brasil.
"A Bahia, sem dúvida nenhuma, é o epicentro da violência de estado na região Nordeste do nosso país", disse.
A especialista acredita que o cenário enfrentado na Bahia é multifatorial. Ela destaca, por exemplo, que o estado é marcado por dinâmicas de violência em relação aos povos periféricos e mais vulneráveis.
Amarilis Costa cita ainda as dinâmicas do crime organizado em constante conflito e de um estado que se coloca como violador das populações mais vulneráveis. Na avaliação dela, essas condicionantes fomentam ainda mais os índices de violência em chacina.
Integrante da equipe da pesquisa, o cientista de dados Alexandre Kakuhama apontou que um dos obstáculos enfrentados foi a ausência de dados sistematizados sobre chacinas. Sendo assim, a saída encontrada pelos pesquisadores foi a análise de reportagens que noticiaram esses crimes.
"Acessamos em portais de notícias, fizemos levantamento de quantas vezes foram noticiadas chacinas nesses números do Norte e Nordeste ao longo de diversos anos. E, depois de alguns tratamentos, de algumas filtragens, a gente chegou nesses números", descreveu.