31
Out/24 |
Mesmo “fritado” no PL, João Roma quer Secretaria da Saúde de Salvador para não disputar governo em 2026 |
Uma das secretarias mais cobiçadas na Prefeitura de Salvador é a da Saúde, em função do gordo orçamento, da quantidade de cargos, da força e capilaridade política. Além da disputa pessoal entre a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) e o deputado federal Leo Prates (PDT) pelo controle da pasta, o presidente do PL baiano, o ex-ministro João Roma, articula para indicar o secretário na reforma administrativa que será feita pelo prefeito Bruno Reis (União) até o início do próximo ano.
Roma tem sinalizado que, se fizer a indicação, não disputará as eleições para governador da Bahia em 2026, ficando fora do caminho do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). Segundo apuração do site, o ex-ministro considera que, enfraquecido politicamente na comparação com 2022, só conseguirá reeleger a esposa, a deputada federal Roberta Roma (PL), se controlar uma secretaria de peso ou concorrendo ao Palácio de Ondina. Seria uma forma de Bruno Reis retribuir ao apoio dado pelo PL no pleito de outubro.
Em 2022, Roberta foi eleita na onda bolsonarista e por conta do trabalho e das articulações do marido no Ministério da Cidadania. Além disso, naquele ano, João Roma disputou o governo. Hoje, a dupla perdeu aliados e praticamente todos os prefeitos com quem contaram naquela eleição, com exceção do gestor de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), que foi reeleito e se mantém fiel.
O atual secretário da Saúde, Alexandre Reis de Souza, é, inclusive, próximo de João Roma. Ele trabalhou com o presidente do PL baiano no Ministério da Cidadania, como secretário especial de Desenvolvimento Social. O site apurou que o ex-ministro aceitaria manter o aliado no posto se tiver mais influência política e na estrutura da Saúde da capital, mesmo sabendo que o prefeito não entregará secretarias com “porteira fechada” a nenhum partido.
Porém, como se não bastasse a desconfiança de Bruno Reis e de ACM Neto com o dirigente, algo remanescente ainda dos tempos do rompimento entre Roma e o ex-prefeito de Salvador, o ex-ministro enfrenta problemas dentro do próprio partido, que podem custar-lhe a presidência.
O ex-ministro passa por um processo de “fritura” interno das duas alas do partido: a bolsonarista e a pragmática, que inclui os deputados aliados do PT na Bahia. Integrantes de peso das duas correntes responsabilizam Roma pelo pífio desempenho eleitoral do PL nas eleições deste ano, e querem a cabeça dele numa lança. Apesar do generoso fundo eleitoral, o partido elegeu apenas um prefeito – Jânio Natal, de Porto Seguro, que foi reeleito – e 61 vereadores, enquanto cresceu em outros estados do Nordeste na esteira de campanhas menos ideológicas, a exemplo do Maranhão, do Rio Grande do Norte e até de Sergipe.
Recentemente, a ex-presidente do PL Mulher, Kátia Bacelar, irmã do deputado federal Jonga Bacelar, membro da legenda, revelou a este Política Livre que fez críticas a Roma ao presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto, após as eleições.
Para conturbar ainda mais o cenário, o ex-ministro é apontado como o autor intelectual das críticas feitas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao deputado estadual Diego Castro (PL) e à médica Raísa Soares (PL), que disputou o Senado em 2022. Os dois são bolsonaristas, e teriam recebido o troco pelos ataques públicos feitos por ambos não ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sim ao desempenho eleitoral da legenda no Estado.
2018 também em jogo
Enquanto Roma está preocupado com a eleição de 2026, a Secretaria da Saúde de Salvador também é alvo da cobiça de políticos que miram 2028: Ana Paula Matos e Leo Prates. Os dois desejam suceder Bruno Reis e almejam retomar a influência direta sobre a pasta.
Leo foi titular da secretaria durante a pandemia e antes de ser eleito para a Câmara com uma votação histórica em Salvador. Já Ana, que elegeu vereadores aliados no pleito deste ano, ao contrário do correligionário de partido, ocupava o cargo até precisar se desincompatibilizar para concorrer à reeleição. O atual secretário era sub dela.