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18
Jul/24

Uma a cada quatro mortes por intervenção policial registradas no Brasil em 2023 ocorreu na Bahia

Estado contabilizou 1.699 mortos, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Jequié foi a cidade brasileira onde a polícia mais matou.

A Bahia manteve, em 2023, os maiores números de letalidade policial do Brasil. Foram 1.699 mortes por intervenção de agentes de segurança de um total de 6.393 registros — ou um a cada quatro casos notificados em todo o país.

Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta quinta-feira (18).

O g1 teve acesso ao estudo, que destaca o ranking das cidades onde a polícia mais matou. O município de Jequié, no sudoeste baiano, aparece na liderança da lista nacional: 46,6 mortes a cada 100 mil habitantes foram provocadas por policiais.

A Bahia tem ainda outras quatro cidades no TOP 10: Eunápolis, no extremo sul, na quarta posição (29 mortes a cada 100 mil/hab.), Simões Filho, na Região Metropolitana, em sétimo lugar (23,6), Salvador, em oitavo (18,9), e Luís Eduardo Magalhães, no oeste, em décimo (18,5).

Para Samira Bueno, diretora-executiva do fórum, a violência observada na Bahia é fruto de "disputas do crime organizado". São grupos que se aliam a facções como PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) e travam batalhas por território.

"Quando a gente olha isso, essas disputas do narcotráfico geram muita violência, mas Amapá e Bahia, que são justamente os estados mais violentos nesse sentido, são estados em que você tem uma opção política da polícia de produzir violência para enfrentar o crime", avalia a especialista.

Cenário nacional

Nesse quesito, a Bahia só perde para o Amapá em números relativos. O estado nortista teve 173 mortes por intervenção policial, mas o número representa 23,6 óbitos a cada 100 mil habitantes. Na Bahia, foram 12 óbitos do tipo por 100 mil habitantes.

De modo geral, o estudo mostra que a letalidade policial cresceu 188,9% no país em 10 anos. Ao longo do tempo, o perfil das vítimas foi descrito como:

  • 82,7% negros;
  • 71,7% com idades de 12 a 29 anos;
  • 99,3% do sexo masculino.

A conclusão é de que o risco relativo de um negro morrer por intervenção da polícia é 3,8 vezes maior.

Polícia que mata e morre

O levantamento também mostra que o contexto violento atinge os próprios fardados. Foram 127 policiais assassinados no Brasil no último ano, 57% deles fora de serviço no momento do crime. Desse total, nove foram mortos na Bahia.

Trata-se de um índice em queda, mas, por outro lado, cresceu 26,2% o número de policiais que tiraram a própria vida. O anuário contabilizou 118 em 2023, quatro deles da corporação baiana.

Considerando ambos os cenários, o perfil dos policiais vitimados é semelhante ao de suas vítimas:

  • 69,7% negros
  • 51,5% com idades de 35 a 49 anos
  • 96% do sexo masculino

Trata-se de um índice em queda, mas, por outro lado, cresceu 26,2% o número de policiais que tiraram a própria vida. O anuário contabilizou 118 em 2023, quatro deles da corporação baiana.

Considerando ambos os cenários, o perfil dos policiais vitimados é semelhante ao de suas vítimas:

  • 69,7% negros
  • 51,5% com idades de 35 a 49 anos
  • 96% do sexo masculino

Mortes violentas

A Bahia se destaca mais uma vez quando se consideram as mortes violentas intencionais, o que inclui a soma de vítimas de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais dentro e fora de serviço.

No ano passado, foram 46.328 mil registros no país, uma redução de 3,4%. Desses, 6.578 foram na Bahia.

Em números absolutos, a liderança é isolada, mas o estado nordestino aparece com a segunda maior taxa por número de habitantes: 46,5. De novo, atrás apenas do Amapá (69,9).

Assim, a Bahia tinha seis das 10 cidades mais violentas do país em 2023. A primeira a aparecer no ranking foi Camaçari, com 92,9 mortes por 100 mil habitantes.

Celular na mira dos ladrões

Duas cidades baianas aparecem ainda na lista das cinco com maiores taxas de roubo e furto de celular. Em todo o país, foram 937.294 crimes do tipo, o equivalente a 107 aparelhos subtraídos por hora.

Fonte:G1
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