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26
Set/24

Jornalista lança livro que analisa crescimento de evangélicos no Brasil

Anna Virginia Balloussier está em Salvador para conversa sobre 'O Púlpito', na livraria LDM



Reacionários, caretas, fanáticos, conservadores, pudicos, extremistas de direita… Seguramente, o leitor deste texto já viu pelo menos um desses adjetivos ser relacionado a algum seguidor de uma igreja evangélica. Mas essa é, claro, uma visão preconceituosa, associada ao hábito que temos de tratar uma determinada classe como uma massa uniforme, como se não houvesse nuances entre os indivíduos que a formam.

O livro O Púlpito - Fé, Poder e o Brasil dos Evangélicos (Todavia/R$ 70/208 págs.), da jornalista Anna Virginia Balloussier, apresenta a história das igrejas evangélicas no país e também desvenda mitos em torno dos “crentes”, que hoje são aproximadamente um terço dos brasileiros. E, daqui a alguns anos, serão a maioria do país, conforme apontam estudos que analisam o crescimento das igrejas evangélicas no território nacional.

A autora estará nesta quinta-feira na Livraria LDM do Bela Vista Shopping, às 19h, para uma conversa sobre o livro, mediada por Malu Fontes, jornalista e professora da Ufba. Haverá também uma sessão de autógrafos. Educada em uma escola metodista - o metodismo é da linha protestante -, Anna Virginia, 37, diz que isso não tem relação com a decisão de escrever o livro.

No entanto, sempre chamou a atenção dela a maneira como a mídia tratava os evangélicos:

"No passado, se abordaram as religiões evangélicas com uma lente denuncista, sobre o pastor que fez tal coisa errada ou algo do tipo. Além disso, mostrava a ‘massa evangélica’ como se ela fosse uma vítima, como se não tivesse autonomia. Mas o fiel tem muito mais autonomia do que parece, embora existam abusos religiosos"

Desde que começou a trabalhar no jornal Folha de S. Paulo, em 2010, a jornalista tem se dedicado a reportagens sobre religião. Foi também produtora do filme Apocalipse nos Trópicos, da diretora Petra Costa, a mesma de Democracia em Vertigem.

Embora o evangelismo tenha estado muito presente nas discussões políticas e a bancada evangélica tenha crescido muito nas últimas eleições, o livro não se atém a esse tema, ainda que a política seja tema de um dos sete capítulos, que são: Conversão, Empreendedorismo, Política, Aborto, Sexo, Poder e Dízimo.

“Queria ser mais abrangente para falar de uma faceta plural, que vai muito além da bancada evangélica. Tanto que existe a Teologia dos Sete Montes, que defende que os evangélicos devem atuar em diferentes zonas de influência social”, observa Anna Virginia. Essas áreas a que ela se refere são: religião, educação, família, governo, economia, artes e entretenimento, conforme citadas no livro.

Anna Virginia também analisa o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil e revela algumas razões para isso, como o fato de, nas organizações protestantes, não haver uma hierarquia rígida como na igreja católica, em que o papa ocupa o topo de uma cadeia de poder verticalizada. Para a autora, isso dá pouca mobilidade ao catolicismo. “Fora que formar um padre demora anos, e já não há mais muita gente interessada no ofício que atraía uma legião de aspirantes nos tempos coloniais”, escreve na introdução.

Para a autora, a visão preconceituosa sobre os evangélicos foi agravada pelas redes sociais: “Há uma radicalização que vem da lógica binária das redes sociais. Mas na base das igrejas, é diferente. As redes produziram essa polarização ferrenha”.

Virginia acrescenta que, mesmo dentro de determinadas igrejas, há diversas vertentes, como ocorre na Assembleia de Deus. “Silas Malafaia [da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo], por exemplo, não é neopentecostal, ao contrário do que muita gente afirma. É pentecostal. Dentro de cada vertente, há campos muito diversos”, ressalta.

Fonte:Roberto Midlej/Correio da Bahia
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