Produtores do Oeste baiano afirmam que o borracheiro José Valter Dias, conhecido como "maior latifundiário do Oeste" segundo o ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é um dos principais envolvidos em um esquema de grilagem na região, que tem sido alvo de investigações na Operação Faroeste.

Acusado de integrar uma organização criminosa voltada à grilagem de terras na região, José Valter Dias não cessou sua atuação judicial. Inicialmente representado pela advogada Rosane Rosolen, o borracheiro passou a ser defendido por Iran Furtado de Souza Filho, mas o método de litigar até obter acordos com os produtores continua o mesmo. 

Um dos casos mais recentes envolve um acordo firmado em junho deste ano, após uma longa disputa judicial. Dias firmou um acordo com a Algodoeira Goioerê Indústria e Comércio, em ação que se arrastava desde 1990, revivendo práticas investigadas na Operação Faroeste. 

A decisão judicial, que determinou o arquivamento do processo, levantou as suspeitas sobre o modus operandi de Dias, que consiste em protelar ações e, posteriormente, fechar acordos com os produtores, muitas vezes sob pressão. 

Esse esquema, semelhante ao utilizado na aquisição da Fazenda São José, uma área equivalente a cinco vezes o tamanho de Salvador, é um dos pontos centrais das investigações da Polícia Federal.

A área de 366 mil hectares, que já era ocupada por cerca de 300 produtores de soja desde a década de 1980, foi concedida a José Valter Dias e à ex-esposa Ildeni Gonçalves Dias por uma portaria do Tribunal de Justiça da Bahia em 2015. 

Os agricultores foram forçados a fechar acordos extorsivos para permanecerem na terra, com valores que, segundo a Polícia Federal, variavam entre 25 e 80 sacas de soja por hectare, totalizando R$ 1 bilhão.

Recentemente, o STJ negou pedidos de assistência técnica feitos por Dias, mantendo as investigações contra ele e sua família no âmbito da Operação Faroeste.