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Jun/25 |
Quaest mostra cansaço de eleitor com polarização e Tarcísio pode levar a melhor |
Cansaço da polarização? A mais nova pesquisa Quaest, divulgada ontem, parece não deixar dúvidas de que a população cansou de Lula (PT) e de Jair Bolsonaro (PL) e da nociva disputa que têm protagonizado até agora. Segundo o levantamento, 66% dos brasileiros são contra que o presidente da República se candidate à reeleição, ao passo que 65% defendem que o ex-presidente abra mão de concorrer a um novo mandato e apoie um outro nome. Como na esquerda Lula se nega a preparar um sucessor e o governador de São Paulo emerge como principal alternativa para unificar a direita, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu campo político levam vantagem.
Tarcísio empata com Michelle Bolsonaro, mulher do ex-presidente, segundo a mesma pesquisa, quando o eleitor é perguntado sobre quem deveria ser o candidato da direita se Bolsonaro, que está inelegível, não disputar a reeleição. Ele aparece com 17% enquanto ela, 16%. Mas o governador paulista é disparado a opção do sistema, isto é, dos partidos, do empresariado e da classe política, os chamados sublíderes, que, para desgosto dos Bolsonaro e alento do país, demonstram antipatia ao lamentável familismo do ex-presidente. Os números sucedem outros que não deixaram Lula confortável, já que apontaram elevação da desaprovação ao seu governo.
Um sinal, consideravelmente ruim, de que o esforço de comunicação feito pelo competente Sidônio Palmeira tem sido atropelado, como diz um jornalista famoso de Brasília, pelos fatos e siglas como Pix e IOF, além da inflação, que tende a baixar, impactando positivamente a base eleitoral do presidente, assim como iniciativas de isenção no pagamento de energia e barateamento do gás, embora não se saiba efetivamente com que capacidade para reverter o desgaste do governo e de Lula. Na Bahia, onde o petista jogou papel fundamental na eleição do atual governador, Jerônimo Rodrigues (PT) precisa colocar as barbas de molho.
Primeiro porque, se Tarcisio entrar em campo, o líder local das oposições, ACM Neto (UB) pode ascender como uma bala associado ao candidato presidencial, superando o maior obstáculo que enfrentou na sucessão passada. Segundo, porque, se Lula não melhorar seus índices, dificilmente conseguirá puxar Jerônimo com a mesma força com que atuou em 2022. Além disso, para poder se reeleger, Jerônimo precisará passar por um escrutínio severo do eleitor, da mesma forma a que ele foram submetidos os ex-governadores petistas Jaques Wagner e Rui Costa por ocasião de suas respectivas reeleições.
A diferença é que, na época em ambos submeteram suas gestões à avaliação dos baianos, os dois desfrutavam de índices confortáveis de popularidade e aprovação, números com que Jerônimo não tem sido favorecido pelo menos a pouco mais de um ano das eleições. É claro que ainda há muita água para rolar no Jequitinhonha, o governador tem como se escorar nas máquinas estadual e federal, o que não é pouca bala na agulha, além de ser excelente de relacionamento político. Algo que pode não ser potencializado, no entanto, se continuar claudicando na gestão e, pelo que se percebe agora, também na comunicação, onde levou um chapéu de vaqueiro de Neto esta semana.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.