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Dez/24 |
Conversas entre Jerônimo e o PP envolvem entregar secretaria a esposa de parlamentar e comando total do Detran |
O deputado federal Mário Negromonte Júnior (PP) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT)
Embora tanto o governador Jerônimo Rodrigues (PT) quanto o presidente do PP da Bahia, deputado federal Mário Negromonte Júnior, digam publicamente que ainda não se reuniram para tratar do ingresso institucional do partido na base aliada, já há uma proposta na mesa sendo discutida entre os lados nos bastidores.
O Política Livre apurou junto a fontes ligadas ao Palácio de Ondina que as negociações passam por entregar o comando da Secretaria de Planejamento (Seplan) para Andréia Xavier (PP), ex-prefeita de Dias D’Ávila e esposa do deputado federal Cláudio Cajado (PP). Além disso, os pepistas também ficariam com a Diretoria-Geral do Detran, cargo exercido hoje por Rodrigo Pimentel, remanescente do governo Rui Costa (PT), atual ministro da Casa Civil.
Como já revelou com exclusividade o Política Livre, os deputados estaduais do PP, que já estão na base de Jerônimo, queriam uma secretaria de peso ou, se a proposta fosse apenas ocupar a Seplan, almejavam também chefiar um órgão do segundo escalão com capilaridade eleitoral e forte presença política no interior.
Por isso, os pepistas demonstraram interesse na Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb), mas o órgão está hoje na cota do MDB, e Jerônimo já deixou claro que não pretende tirar o espaço de nenhum partido aliado na reforma administrativa. Além de se encaixar no perfil desejado pelos parlamentares do PP, o Detran tem hoje um presidente que não é ligado a nenhuma sigla da base.
Outro fator que agrada o PP é que o partido já ocupa hoje duas diretorias no Detran, as de Habilitação e de Veículos. Ou seja, o partido passaria a comandar toda a estrutura do órgão, que tem cargos de sobra e está presente em 300 municípios do interior.
Sobre a Seplan, o atual titular da pasta é Cláudio Ramos Peixoto, outro remanescente do governo Rui Costa e que não é da cota de nenhum partido. A escolha por Andréia visa fazer um gesto para Cláudio Cajado, que tem, talvez visando justamente esse tipo de negociação, se mostrado resistente à adesão do PP ao governo Jerônimo.
O nome de Andreia também teria o apoio de Mário Júnior, não só como uma forma de convencer Cajado a aceitar migrar para a base do governo baiano, mas também como um gesto de gratidão pelo apoio do correligionário quando foi candidato a presidente do partido na Bahia. Na época, Cajado ameaçou se lançar candidato e abrir uma disputa interna.
Caso a proposta seja aceita, da bancada federal do PP pela Bahia, apenas João Leão seria contrário ao apoio institucional do partido a Jerônimo. Ou seja, o governador teria o maioria. Na Executiva estadual, Mário Júnior, entusiasta dessa aproximação, teria a maioria dos votos, apesar da resistência de quadros como o secretário de Governo da Prefeitura de Salvador, Cacá Leão, o secretário-geral da sigla, Jabes Ribeiro, e o prefeito de Jequié, Zé Cocá.
Jerônimo tem dito que, para receber o PP na base, dois fatores são importantes: o alinhamento do partido com o governo Lula e o apoio institucional da Executiva estadual. O governador sabe, no entanto, que não conseguirá atrair todo o PP, uma vez que parte da sigla, inclusive os vereadores pepistas na capital, estão na base do prefeito Bruno Reis (União) e do antecessor ACM Neto (União).