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Out/24 |
Rio São Francisco: o grande manancial para abastecer os sertanejos completa 523 anos |
O grande rio avistado pelo italiano Américo Vespúcio, no dia 4 de outubro de 1501, tem o nome do santo do dia e é apelidado carinhosamente de Velho Chico. É o quinto maior rio do país, passa por sete estados e percorre 8% do território brasileiro. Dentre muitas funções, o São Francisco é um manancial essencial para o abastecimento público de água tratada, no qual a Embasa capta água para atender 36 municípios – alguns deles, situados a centenas de quilômetros das margens do Velho Chico.
“A atividade da Embasa depende da saúde do rio para levar água potável a vários municípios. Por isso, fazemos a nossa parte para que ele continue a ser essa potência em disponibilidade de água. Investimos continuamente em eficiência na operação dos sistemas que captam no São Francisco, na implantação de sistemas de esgotamento sanitário, instalação de mais pontos de acesso dos imóveis à rede coletora de esgoto nos municípios onde prestamos serviços, e na recuperação de nascentes em pontos onde captamos água”, explica o presidente da Embasa, Leonardo Góes.
Hoje, a Embasa precisa lidar com as consequências de diversos problemas ambientais que afetam o rio São Francisco. A extração das matas ciliares para produção de carvão, formação de pastos e de áreas agricultáveis, a mineração e o garimpo assorearam o leito em vários trechos, reduzindo a disponibilidade de água durante as estiagens típicas do semiárido. Com a calha rasa nesses pontos, o leito do Velho Chico também sofre impactos do regime de regulação do seu fluxo pelas barragens das usinas hidroelétricas Três Marias (Minas Gerais), Sobradinho, Paulo Afonso, Itaparica (Bahia) e Xingó (Sergipe e Alagoas), fazendo aparecer bancos de areia e braços secos do rio, durante a estiagem, ou inundando áreas habitadas ou agricultáveis em tempo chuvoso.
No sistema adutor do São Francisco, que capta água em Xique-Xique, trata em Itaguaçu da Bahia e fornece água potável para 16 municípios da região de Irecê, o gerente regional da Embasa, Odirlei Rocha, conta que, em 2021, uma espécie trazida da Ásia pela piscicultura, conhecida como mexilhão dourado, se reproduziu ao ponto de entupir a tubulação das bombas da captação.
“Interrompíamos várias vezes o bombeamento para desentupir a tubulação e, com isso, parávamos com frequência o abastecimento em vários municípios, gerando muita insatisfação nos usuários do serviço. Tivemos que encontrar rapidamente uma solução e chegamos à instalação de um emissor de campo eletromagnético para evitar a proliferação do molusco”, explica Odirlei.
Já o gerente regional da Embasa em Barreiras, Marcos Rogério Moreira, conta que, em junho deste ano, a empresa precisou fazer uma parceria com o Exército Brasileiro para escavar um banco de areia que estava impedindo o fluxo das águas do rio para o ponto de captação do sistema que abastece Muquém do São Francisco e Wanderley. “Enquanto nosso pessoal e o do Exército escavava, instalamos uma bomba para trazer água do rio para a captação e recuperar o abastecimento desses dois municípios o mais rápido possível”, lembra.
Saneando o São Francisco - Na relação com o Velho Chico, a Embasa avançou ao longo dos últimos 17 anos na cobertura de atendimento nos municípios situados em sua bacia. Atualmente, 31 municípios contam com sistemas de esgotamento sanitário operados pela Embasa que coletam, tratam e fazem a disposição adequada de efluente de acordo com a legislação ambiental vigente. Atualmente, a empresa está investindo aproximadamente R$ 103,8 milhões para ampliar o acesso ao serviço nesses municípios, buscando atender as metas do marco legal do saneamento básico até 2033.
Em mais dois municípios situados na bacia, a Embasa está implantando a infraestrutura que vai coletar e tratar o esgoto de parte das respectivas sedes municipais. Em Irecê, o investimento é da ordem de R$ 66,7 milhões (recursos OGU e Embasa) para a implantação da 1ª etapa do sistema de esgotamento sanitário (SES). Já em Jeremoabo são cerca de R$ 21,3 milhões (Codesvasf e Embasa) investidos em obra já avançada com conclusão prevista para dezembro deste ano.
Ao coletar e tratar a água utilizada nos domicílios, a Embasa garante que o esgoto doméstico, que tem alto potencial poluidor e disseminador de doenças, seja manejado e destinado adequadamente, evitando que esse resíduo líquido seja descartado diretamente no solo ou em cursos d´água e rios que formam o São Francisco.
Plantando água - O Viveiro Educador é um projeto socioambiental da Embasa voltado à recuperação de nascentes através do plantio de matas ciliares, buscando o envolvimento das comunidades do entorno. Nas 13 regionais da empresa no interior, existem estufas da Embasa ou de parceiros onde são cultivadas espécies de árvores nativas. As mudas são plantadas em áreas de mata degradada, para reabilitar nascentes que desapareceram ou estão com pouca vazão, e em cinturões verdes nas estações de tratamento de esgoto ou projetos paisagísticos em estações de tratamento de água.
A empresa mantém seis viveiros para a produção de mudas de espécies vegetais da Caatinga e do Cerrado, biomas existentes no território da bacia hidrográfica do São Francisco (BHSF). Ingá, Ipê-branco, Ipê-roxo, Ipê-rosa, Ipê-amarelo, Jacarandá Mimoso, Vinhático, Angico, Jenipapo, Mulungu, Cedro-rosa, Tamboril e Jequitibá fazem parte do repertório de mudas cultivadas. Nos plantios, quando possível, as comunidades ribeirinhas participam da ação. As atividades do Viveiro Educador incluem também palestras, passeios ecológicos, doação de mudas e Ecofeiras de educação ambiental.
Municípios abastecidos pela Embasa captando diretamente no rio São Francisco: Irecê, Central, Ibipeba, Uibaí, Ibititá, Presidente Dutra, Cafarnaum, Canarana, Jussara, América Dourada, São Gabriel, Barro Alto, João Dourado, Lapão, Itaguaçu da Bahia, Abaré, Glória, Paulo Afonso, Santa Brígida, Chorrochó, Ibotirama, Morporá, Wanderley, Muquém do São Francisco, Barra do Mendes, Malhada, Iuiu, Palmas de Monte Alto, Matina, Guanambi, Caetité, Candiba, Pindaí, Lagoa Real, Brumado (Samambaia e localidades rurais) e Rio do Antônio (Ibitira).
Municípios situados na BHSF com coleta e tratamento de esgoto: Abaré, Barreiras, Campo Formoso, Canápolis, Chorrochó, Gentio do Ouro, Glória, Ibitiara, Ibotirama, Ipupiara, Irecê, Jacobina, Jaguarari (Pilar), Jeremoabo, LEM, Miguel Calmon, Mirangaba, Morro do Chapéu, Muquém do São Francisco, Ourolândia, Paulo Afonso, Santa Brígida, Umburanas, Várzea Nova, Guanambi, Botuporã, Jacaraci, Rio do Pires, Rio de Contas, Caturama e Iuiu.