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05
Fev/25

Oposição une forças e define tom da nova legislatura em Barreiras

Registro fotográfico dos dez vereadores oposicionistas marca um novo momento na Câmara, com independência política e protagonismo feminino na mesa diretora

Antes mesmo do início da primeira sessão legislativa da nova composição da Câmara Municipal de Barreiras, um registro fotográfico dos dez vereadores eleitos pela oposição sintetizou o pacto político que resultou na eleição de Yuri Ramon para a presidência da Casa. A imagem, que reúne Allan Do Allanbick, Irmã Silma, Rodrigo do Mucambo, Beza, Delmah Pedra, Tatico, Yuri Ramon, Carmélia da Mata, João Felipe e Drª Graça Melo, transcende o simbolismo e anuncia uma legislatura disposta a se manter coesa, estabelecendo uma relação de equilíbrio com o Executivo.

A sessão inaugural confirmou a intenção de uma Câmara mais independente e participativa. Em seu discurso, Yuri Ramon garantiu que a Casa estará “de mãos dadas com o povo”, promovendo audiências públicas e ampliando o envolvimento da sociedade nas decisões municipais. Ressaltou ainda que independência não se traduz em oposição sistemática, mas sim em uma atuação responsável e comprometida com o interesse público.

A nova legislatura da Câmara de Barreiras é composta por 19 vereadores, o que reforça a relevância do bloco oposicionista, que reuniu maioria para eleger a nova Mesa Diretora. A coesão desse grupo evidencia a força política conquistada na última eleição municipal e antecipa uma atuação parlamentar mais ativa e questionadora.

O novo presidente também anunciou cinco pilares que nortearão sua gestão: modernização, democracia, independência, seriedade e publicidade. A modernização visa tornar a Câmara mais eficiente, enquanto a democracia e a independência reforçam o compromisso com o debate plural e a fiscalização sem interferências. Seriedade e publicidade, por sua vez, asseguram que os atos legislativos sejam conduzidos com responsabilidade e transparência.

A composição da nova Mesa Diretora carrega outro elemento significativo: a presença de três mulheres em posição de comando. A participação feminina na condução do Legislativo municipal reforça um perfil político mais atento às pautas sociais e aos desafios da governança. A sensibilidade política dessas lideranças pode representar um olhar mais inclusivo para temas como educação, saúde e assistência social, direitos e defesa de mulheres, crianças e idosos, além de um estilo de condução menos personalista e mais dialógico.

Para o governo municipal, a nova configuração da Câmara impõe desafios. A coesão da oposição, evidenciada já no primeiro ato legislativo, indica que o Executivo precisará adotar uma postura mais estratégica nas tratativas políticas. Com a Casa menos inclinada à mera chancela de projetos do Executivo, a gestão governista deverá aprimorar o diálogo e construir pontes para aprovações de matérias de interesse público. A necessidade de uma Câmara independente, mas sem obstrução gratuita, será um teste para a maturidade democrática do município.

Se em governos anteriores os prefeitos faziam do parlamento uma extensão de seus governos, essa situação aparenta ter mudado. Questões como parcerias com os governos estadual e federal, antes não executadas, a venda de bens públicos sem a menor resistência, projetos de lei apresentados que eram engavetados e gastos questionáveis podem estar com seus dias contados. A nova configuração da Câmara sugere que o Legislativo pretende exercer seu papel com mais autonomia e rigor na fiscalização.

Não é coincidência o fato de que, enquanto o prefeito Otoniel afirma dar continuidade ao governo anterior, hoje já esteja buscando estreitamento e diálogo com o governador Jerônimo Rodrigues e com o governo Lula. Isso são frutos que já estão sendo colhidos, queiram ou não. É um fato que se registra, e eles são reflexo da capacidade imposta pelos vereadores.

Se o Executivo quiser evitar desgastes e facilitar a governabilidade, terá que se adaptar ao novo cenário. A comunicação institucional, o respeito ao papel fiscalizador do Legislativo e a disposição para o diálogo contínuo serão fundamentais para garantir avanços sem confrontos desnecessários.

A unidade demonstrada pelos vereadores oposicionistas ao elegerem Yuri Ramon é, antes de tudo, um sinal de que a Câmara pretende atuar com autonomia e força coletiva. Se essa coesão se mantiver ao longo da legislatura, a política em Barreiras poderá testemunhar um novo capítulo, marcado por equilíbrio e fortalecimento das instituições democráticas.

A democracia não se fortalece na conveniência, mas na exigência de respeito entre os poderes. Quem compreende isso não governa sozinho, mas constrói o futuro com diálogo e responsabilidade.

Fonte:Caso de Política | Luís Carlos Nunes
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