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03
Jan/25

Mais de 640 mil famílias dependem de auxílio para comprar gás na Bahia

89,4% dos lares dependentes são comandados por mulheres

Depois de nove reajustes no ano, comprar o gás de cozinha se tornou ainda mais custoso para os baianos. Mas, para algumas pessoas, a dificuldade é ainda maior. Na Bahia, 649.547 famílias dependem do Auxílio Gás para ter o botijão dentro de casa, de acordo com dados de dezembro deste ano da Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad).

Para Márcio Lima, presidente da Central Única das Favelas (Cufa) na Bahia, o número de dependentes do auxílio na Bahia pode ser explicado pelos altos índices de desemprego no estado. “As pessoas que estão nessas condições são pessoas que dependem ainda de doações e de ajuda governamental para sobreviver", disse.

De acordo com Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia possui a segunda maior taxa de desocupação do Brasil, com 9,7%, atrás apenas de Pernambuco (10,5%). O índice baiano está acima da média nacional, que é de 6,4%. Os dados são referentes ao terceiro trimestre de 2024.

Moradora de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, Edivania Santos, 24, faz parte dos dois grupos: pessoas que estão desempregadas e que precisam do auxílio. O aumento constante do preço do gás de cozinha é um dos principais problemas para a soteropolitana, que divide casa com o pai, a mãe e uma tia. “Esse aumento nos obriga a abrir mão de outras necessidades básicas para conseguir cozinhar”, contou.

A família de Edivania consome um gás por mês com o auxílio governamental. Neste ano, o produto chegou a ser comprado por R$ 150, no mês de novembro. Para poder economizar e fazer com que o gás dure os 30 dias, algumas "estratégias” foram adotadas. “Planejamos a nossa alimentação semanal e cozinhamos os grãos na panela de pressão, além de deixá-los de molho”, disse.

Das 649.547 famílias que dependem do Auxílio Gás, 582.041 são de lares comandados por mulheres (89,4%). “O recorte de gênero demonstra o duplo papel desempenhado pelas mulheres, que estão ao mesmo tempo no comando do lar e buscando a renda a fim de garantir um salário no final do mês para manutenção da família”, pontuou Taiane Almeida, mestre em Cultura, Desigualdade e Desenvolvimento pela Universidade do Recôncavo da Bahia (UFRB).

O Auxílio Gás é um benefício que só é entregue a pessoas incluídas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). O valor equivale a 100% do preço médio do botijão de 13 kg, que atualmente é de R$ 104. Em Salvador e Região Metropolitana, o botijão chega a custar R$ 154, de acordo com dados do Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado da Bahia (Sinrevgas).

Insegurança alimentar

A dificuldade do acesso ao gás de cozinha e algumas estratégias para economizar o produto estão diretamente relacionadas com a insegurança alimentar, segundo Márcio Lima. "Muitas das famílias que têm mais de um filho, dois filhos, eles têm determinado tipo de alimentos que demoram um tempo mais de cozimento. Então, a qualidade, a mal alimentação ou a falta de terminados de alimentos vai impactar diretamente na segurança alimentar dessas famílias”, pontuou.

Entre 2018 e 2023, a Bahia registrou uma queda na taxa de insegurança alimentar: de 45,3% para 40%. No entanto, foi menor do que a verificada no Brasil como um todo (de 36,7% para 26,7%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Também foi apenas a 21ª redução mais intensa entre as 27 unidades da Federação.

Entre 2017 e 2018, a Bahia tinha o 14º maior percentual de domicílios com algum grau de insegurança alimentar (45,3%). Em 2023, apesar do índice menor 40, o estado passou a ter a 6ª maior proporção do país.

Fonte:Correio da Bahia
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