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Mai/15 |
Agronegócio expande economia da cidade de Luís Eduardo Magalhães |
Um dos mais novos municípios baianos é também uma das maiores potências econômicas do estado. Com menos de 15 anos de emancipação, Luís Eduardo Magalhães (LEM), que fica no oeste da Bahia, se destaca no cenário nacional pelo desempenho no agronegócio. No mês de junho, a cidade recebe a a Bahia Farm Show (leia mais sobre a feira abaixo).
Do ano 2000, quando se emancipou de Barreiras - agora município vizinho -, até os dias atuais, a localidade mudou totalmente. Em nada lembra os tempos em que era o povoado de Mimoso do Oeste. De lá para cá, a população deu um salto de 18 mil habitantes para quase 80 mil. Curiosamente, parte considerável dos moradores vive em residências de altíssimo padrão, algumas com campo de golfe e pista de pouso para aeronaves.
LEM ocupa o quarto lugar no ranking estadual do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o quinto Produto Interno Bruto (PIB) per capita da Bahia (R$ 43,8 mil). Para se ter uma ideia do crescimento econômico, segundo dados do IBGE, o PIB do município era de R$ 996.983,00 em 2004 e atingiu o valor de R$ 2.773.656,00 em 2011, um crescimento de R$ 278% em apenas sete anos.
O crescimento meteórico da cidade se deve ao bom desempenho do agronegócio na região Oeste. LEM está inserida em um grupo de cerca de 20 municípios que compõem o maior polo agrícola da Bahia. É de lá que sai toda a soja produzida no estado, além de produtos como milho, algodão, feijão e café.
A soja tem sido o produto mais valorizado do momento, e equivale a 58% da área plantada da região, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). "Há alguns anos, era o café. Os agricultores variam temporariamente, de acordo com a rentabilidade", afirma o secretário de agricultura do município, Carlos Alberto Koch.
Além do plantio da soja ser mais rentável, ele também é menos complexo que os demais. "O ciclo do algodão é muito longo. O do milho está muito suscetível às intempéries do tempo, muito castigado pelas estiagens que assolam a região. O café tem perdido cada vez mais espaço pelo mesmo motivo", explica o secretário.
Duas áreas de características fundiárias diferentes formam o oeste baiano: o “vale” e o “cerrado”. A região do vale margeia o Rio Grande e tem topografia variada, com depressões e saliências. Por lá as atividades mais tradicionais são mandioca, milho, arroz, feijão e pecuária, com características de subsistência.
Já no cerrado, área plana e, portanto, favorável à mecanização, desenvolveu-se um perfil produtivo de agricultura empresarial e intensiva, destacando-se o cultivo de soja, algodão, milho e café. Estações do ano bem definidas (período chuvoso de outubro a abril e seco de maio a setembro), condições climáticas e de solo favoráveis colaboram para o sucesso agronegócio na região.
De acordo com a Aiba, 65% dos grãos produzidos no oeste abastecem o Norte e Nordeste do Brasil. O restante é exportado, principalmente para a China e os Países Baixos. No ano de 2014, somente LEM teve uma colheita de 2,1 milhões de toneladas de grãos. A expectativa para este ano é de que sejam 2,5 milhões de toneladas, conforme dados da Secretaria de Agricultura do Município.
Bahia Farm Show - LEM sedia a maior feira de tecnologia agrícola do Norte/Nordeste: a Bahia Farm Show. Este ano o evento será realizado entre os dias 2 e 6 de junho. O evento é um dos três maiores do Brasil em volume de vendas, apostando nos segmentos da aviação, maquinário, irrigação e armazenagem.
Em 2014, foi batido o recorde de R$ 1,019 bilhão em negócios consolidados, apesar de na época haver preocupação em relação à movimentação financeira do evento. "Outras feiras semelhantes tiveram uma queda nas vendas em relação ao ano anterior, e era esperado o mesmo aqui para LEM. Mas o que aconteceu foi o contrário, surpreendentemente", conta Carlos Alberto.
Para ele, a Bahia Farm Show é uma vitrine, uma chance de mostrar ao Brasil todo o potencial econômico do município. "É uma feira que atrai também pessoas de outras regiões do País e da Bahia. Há um pedaço do estado que é desconhecido pelo seu povo, e esse pedaço é o Oeste, que tem inúmeras potencialidades e que tem sido fundamental para impulsionar a economia baiana e do Nordeste como um todo".
Ele lembra que, em 2014, pela primeira vez o Nordeste ultrapassou o Sudeste na produção de grãos, e esse desempenho se deve justamente ao trabalho desenvolvido na região.