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Jul/25 |
No Oeste baiano, moradores de Barra participam de audiência pública sobre linhas de transmissão de energia |
Moradores do município de Barra, no Oeste baiano, participaram nesta quinta-feira (18) de audiência pública promovida pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) como parte do processo de licenciamento ambiental do Projeto Serra Dourada, da ISA Energia. O encontro foi uma oportunidade para que lideranças comunitárias, representantes de associações rurais e a população local conhecessem os detalhes do empreendimento, apresentassem demandas e dialogassem com os técnicos responsáveis pelo estudo ambiental.
As audiências públicas são etapas obrigatórias no processo de licenciamento de empreendimentos com potencial impacto ambiental, permitindo que a população participe ativamente das decisões que envolvem seu território. A próxima audiência acontece no dia 21 de julho, na comunidade quilombola Laje dos Negros, em Campo Formoso.
A compreensão do projeto foi um dos pontos centrais para moradores como Silvia de Moura, lavradora e artesã da Associação São Jorge. Para ela, o encontro representou uma oportunidade para entender como a rede de transmissão será implantada, especialmente em áreas habitadas.
Silvia enfatizou a garantia de que as medidas adotadas levem em conta a realidade local. “Foi um espaço para esclarecer dúvidas e buscar garantias de que tudo será feito com responsabilidade e cuidado com quem vive aqui”, afirmou.
Presidente da Associação Comunitária Ataguaçu, localizada na região do Cajueiro, Luciano Santos destacou a importância da audiência para ampliar o diálogo com a população. Ele aproveitou o espaço para reforçar a necessidade de melhorias na infraestrutura local, como asfaltamento de vias e perfuração de poços, e sugeriu que o processo de regularização fundiária também seja contemplado nas discussões com os órgãos públicos. “Precisamos de mais encontros como esse, com escuta ativa e troca de informações com quem está no território”, afirmou.
A possibilidade de desenvolvimento com respeito às realidades locais foi ressaltada por representantes de comunidades tradicionais. Rita de Cássia Perderão, presidente da Associação quilombola de Alto Bebedouro, compartilhou sua visão positiva sobre o projeto. Ela destacou que o empreendimento pode gerar oportunidades e fortalecer a valorização do território. “Estamos abertos ao diálogo e às propostas que tragam benefícios reais e respeitem as necessidades locais”, afirmou.
Diálogo contínuo
Durante a audiência em Barra, foram apresentados o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que analisam os efeitos do projeto sobre o meio físico, biológico e socioeconômico. Também foram explicadas as medidas de mitigação previstas, alternativas locacionais consideradas, critérios técnicos adotados e ações de comunicação e segurança para a implantação do empreendimento.
A escuta das comunidades integra um compromisso contínuo do projeto. Segundo Thaís Jacob, gerente de projetos da Dossel Ambiental (empresa responsável pelos estudos técnicos), o diálogo começou ainda na fase de elaboração dos estudos e deve se manter ativo ao longo de toda a implantação. A previsão é que, mesmo após a instalação, as ações de relacionamento com as comunidades continuem, com iniciativas anuais durante a fase operacional, conforme previsto no processo de licenciamento.
“Estamos analisando a viabilidade locacional para definir o trajeto que cause menor impacto ambiental. Por isso, a participação comunitária é fundamental, pois os moradores podem relatar a realidade local e os efeitos da passagem da linha em suas propriedades”, afirmou João Amorim, especialista em meio ambiente e recursos hídricos do Inema.
O Projeto Serra Dourada prevê a construção de duas linhas de transmissão de 500 kV: Juazeiro III – Campo Formoso II e Campo Formoso II – Barra II, com cerca de 418 quilômetros de extensão. A proposta contempla ainda a instalação de 790 torres e a construção ou ampliação de três subestações. O objetivo é garantir o escoamento da energia renovável gerada no norte do estado, a partir de fontes eólicas e solares, fortalecendo o sistema elétrico da Bahia e do país.