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Dez/18

Rui admite erros no PT e pede que partido se aproxime do povo

Para o governador não foi o antipetismo que venceu a eleição presidencial, mas o sentimento da antipolítica



O governador reeleito Rui Costa admitiu que filiados de seu partido, o PT, cometeram erros e pediu que a sua sigla fique mais próxima do povo. Para ele, no entanto, não foi o antipetismo que venceu a eleição presidencial, mas o sentimento da antipolítica. “Esse processo todo mostrou que no PT tinha gente também que estava fazendo coisa errada, mas como ocorre em todos os partidos, sem exceção. Não é filiação partidária que define o comportamento das pessoas. Eu acho é que precisamos juntar os homens e as mulheres de bem, que têm bons propósitos na política, para construir uma nova agenda para que ele se pareça com os principais países do mundo”, declarou, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

O chefe do Palácio de Ondina disse não ter dúvida de que há um distanciamento entre o PT e o povo. “Mas, veja: assim como toda instituição, o PT é composto de gente. E as pessoas têm comportamentos diferentes. Então em muitos lugares, ou nacionalmente, a gente se distanciou. Tanto se distanciou que perdeu a eleição”, afirmou. “Os políticos precisam tirar uma lição. Primeiro de tudo, precisam estar mais próximos do povo, ser menos distantes da população. [...] A segunda lição é de que não podemos ficar reproduzindo acordos políticos que o povo não enxergue como benéficos à sociedade. Acho que é preciso cuidar de temas muito valorosos, como saúde, educação e segurança”, acrescentou.

Para Rui, a rejeição ao establishment venceu a eleição deste ano. “O povo votou contra os políticos que representavam a política tradicional, contra esse modelo de alianças do toma-lá-dá-cá. Foi esse o recado. Quem por interesse político-partidário quiser fazer a leitura de que foi antipetismo, que faça. O Ciro [Gomes] bateu no PT, o [Geraldo] Alckmin bateu forte no PT a campanha inteira. Se alguém queria votar contra o PT, votaria no Alckmin, governador de São Paulo, com experiência de gestão”, avaliou.

O governador não descartou a hipótese de o PT abrir mão de uma candidatura presidencial em 2022. Lembrou que ele e o senador eleito Jaques Wagner (PT) defenderam que o partido não tivesse um postulante neste ano e apoiasse Ciro Gomes (PDT). “Na política, se você quer o apoio de alguém, tem que admitir a possibilidade de apoiar outra pessoa. Se você acha que só pode receber apoio, nunca apoiar, isso não é uma boa prática política. Se acha que só você presta, e ninguém mais, por que vai querer o apoio de quem não presta?”, indagou.

Rui Costa afirmou esperar ser tratado de forma “respeitosa” pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). O petista baiano evitou criticar o discurso do futuro chefe do Palácio do Planalto de que iria banir "esses marginais vermelhos" do país. “Espero que isso tenha sido apenas a retórica da campanha. Na posse, no dia 1º, ele vai jurar respeito à Constituição brasileira, que é clara ao dizer que vivemos em uma federação, e que Estados e municípios devem ser tratados de forma equânime e respeitosa. É isso que eu espero: um tratamento respeitoso, até porque os 15 milhões de baianos também são 15 milhões de brasileiros”, salientou.

O governador ressaltou que não teme perder a popularidade com o pacote enviado à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), que corta cargos, reduz estatal e aumenta a contribuição do servidor de 12% para 14% na Previdência estadual. “Não, até porque a reforma que eu fiz em 2014 [com Jaques Wagner, após a eleição] foi maior e mais forte. Eu não teria sido reeleito com 75% dos votos se isso tivesse afetado [a popularidade]. As pessoas querem saber da verdade, estão cansadas da política feita com demagogia”, pontuou.

Fonte:Rodrigo Daniel Silva/Tribuna da Bahia
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