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Jun/14

Pr. Adejarlan Ramos: Reflexões sobre a Copa do Mundo

Muitas pessoas já ouviram a máxima de Millor Fernandes: “futebol, o ópio do povo”, como argumento restritivo e depreciativo no caráter simbólico do esporte em questão. Sem duvida alguma o futebol possui um papel importante nas discussões sociológicas sobre as atividades em grupos sociais, além de estar no cerne da discussão mais recente em relação aos grandes eventos esportivos realizados em países, predeterminados por organizações que teoricamente deveriam pensar no bem ideal para o povo.

Mas quais são os reflexos da copa do mundo no Brasil e seus desdobramentos para a sociedade brasileira, em diversos aspectos? Primeiramente temos que observar o papel social do esporte na sociedade contemporânea, especialmente uma copa do mundo.

Temos que convir que o esporte como arte e técnica trabalha questões importantes para a vida social como valores, fraternidade, dignidade humana, respeito à diversidade. Pelo menos isto era a proposta dos jogos olímpicos na Grecia antiga.

Por outro lado, a nossa sociedade capitalista fez dos jogos um negocio rendoso que movimenta milhões e que passa por um marketing esportivo muito bem elaborado. Diante disto surge a questão da imparcialidade da mídia. Será que a mídia é imparcial em questões esportivas e propõe debates mostrando os diversos aspectos do esporte ou age meramente como reprodutora dos interesses comerciais dos grandes grupos de comunicação que ditam as regras no mundo esportivo?

Vemos também o grande poder da FIFA que se trata de um grande negocio com um controle ferrenho de marcas e imagens, que não deixa de ser um complexo jogo de exercício do poder, que passa desde a decisão de inclusão de seleções de vários continentes até a negociação para escolha do pais sede e assim lida diretamente com governos e estabelece padrões de qualidade entre outras exigências. Isso gera uma certa sensação de que a soberania dos países fica suspensa com relação a algumas exigências dessa instituição.

Assim a FIFA gerencia poder e dinheiro. Sempre foi assim, mas ultimamente tem cobrado repressão às manifestações de rua, colocando o governo subserviente aos seus ditames. Bem, eu não ignoro os absurdos administrativos e até as intenções criminosas de vários responsáveis pela aplicação dos recursos originalmente destinados à Copa – estádios, sistemas de transporte, hospedagem, meios de comunicação, etc.

Os resultados estão aí: a maioria não foi feita (ou “será” completada depois da Copa), mas valores foram gastos; os custos das obras que foram feitas triplicaram, quando comparados com os orçamentos originais; desvios e superfaturamentos têm sido apontados e alguns inequivocamente comprovados.

Além disso, o descaso com a aplicação correta dos recursos em situações da carência da população, como na melhoria do sistema viário urbano e em áreas de saúde, contrasta com o esbanjamento observado com as obras relacionadas com a Copa. Por último, muitos países ficam com legado e benefícios posteriores após a realização de Copas ou Olimpíadas, mas no Brasil é diferente: pouco se aproveitará de tudo que está sendo construído – talvez restarão apenas algumas obras tardias (por exemplo: o VLT de Cuiabá; o monotrilho de São Paulo, etc.).

Essas ainda levarão anos para serem terminadas, tocadas pela ineficiência característica dos governos, federal e estaduais e talvez poderão beneficiar as pessoas a médio prazo. Acho que o grande fator positivo desta copa é o fato da sociedade brasileira ir para uma copa do mundo de maneira mais reflexiva. A realização da copa do mundo no Brasil abriu debates e questionamentos , que ainda pode ter desdobramentos até a realização das Olimpíadas em 2016.

Pr. Adejarlan Ramos
Colunista do Blog do Sigi Vilares
Vice-presidente da Assembleia de Deus, em Barreiras (CEADB e CGADB). 

Fonte:Blog do Sigi Vilares
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