Notícias

13
Mai/14

Pr. Adejarlan Ramos: A ética do pós dever e as decisões morais à luz da Bíblia

Sem duvida alguma a nossa sociedade  pós moderna tem sido denominada de a sociedade do prazer e do bem estar. Mas quais são os impactos desta sociedade sobre a ética, uma vez a nossa sociedade procura se desvencilhar-se dos valores da modernidade e sob os seus escombros quer reconstruir uma nova ética não mais pautada no dever e nas obrigações?

Gilles Lipovetsky, pensador francês, trata do assunto no aspecto epistemológico e sociológico em suas obras: Crepúsculo do dever: a ética indolor dos novos tempos democráticos (1994). Nesta obra o escritor francês descreve o ethos contemporâneo e faz uma reflexão filosófica sobre na qual propõe o que ele chama de “ética indolor”, que é mais suave, destituída de imperativos e da noção do dever, ancorada em valores narcisistas e hedonistas.

Segundo Harvey, geógrafo de orientação marxista e autor do livro A condição pós moderna “ a experiência do tempo e do espaço se transformou, a confiança na associação entre juízos científicos e morais ruiu, a estética triunfou sobre a ética como foco primário de preocupação intelectual e social, as imagens dominaram as narrativas, a efemeridade e a fragmentação assumiram precedência sobre verdades eternas e sobre politica unificada”.

Assim na nossa sociedade contemporânea regras e normas morais não são aceitas a não ser as que são importantes para a realização pessoal. É isto que proporciona o  pensamento pós moderno de que a verdade de um único sistema que estabeleça um conjunto de verdades cede lugar a uma variedade de verdades e sistemas abertos. Isso explicaria então a crise e os desajustes geral.
 
Gilles Lipovetsky afirma que estamos na época do pós dever e até  o mal é espetacularizado e transformado em atrativo e o ideal é subestimado. A nossa era então entrará para a historia como o crepúsculo do dever.
   
Diante disto Lipovestky propõe as éticas inteligentes, que se caracterizam por um voltar para o atendimento das necessidades concretas do homem do que para a designação dos desígnios abstrastos.

Concordo com os aspectos descritivos de Lipovestky da sociedade contemporânea, mui especialmente os aspectos éticos mas discordo dos seus aspectos normativos, pois é típico do discurso da pós modernidade afinados com o humanismo anticristão.

Há muitos que pensam que se tenho um compromisso religioso para que preciso de uma ética? Se pratico o amor que mais se pode desejar? Sei que existe várias questões envolvidas, pois a questão da ética é debatida desde os primeiros filósofos da antiguidade. Até mesmo a teologia vem debatendo estas questões. Não é à toa que existe a Teologia Moral, uma disciplina que procura abordar a moral do ponto de vista teológico.

Dentre as contribuições da Biblia para a moral destacamos: a base teológica de nossas obrigações morais; a relação da moral com os propósitos de Deus na criação; os princípios da justiça, do amor que descrevem o caráter de Deus e deve caracterizar o nosso; a lei moral de Deus em diversas áreas da vida humana; o amor de Deus e a gratidão pelas suas misericórdias procedem a motivação e a dinâmica de toda a vida moral e os ideais e promessas do reino de Deus, que Cristo veio estabelecer, primeiramente em nossos corações e vidas e depois no mundo.

A Biblia mostra-nos que há uma lei moral escrita na natureza humana. Há uma moral baseada na criação, basta ler Mt. 19.4-12; Mc. 7.18-23; I Tm. 4.1-5; Tg. 3.9. Utilizar textos do Antigo Testamento para tentar desvirtuar a moral cristã é demonstrar desconhecimento da Teologia do Antigo Testamento e da Teologia Histórica (que posso tratar em uma outra oportunidade). Portanto, ao tomarmos decisões morais a Bíblia deve ser considerada.

Pr. Adejarlan Ramos
Vice-presidente da Assembleia de Deus (CGADB) em Barreiras


Fonte:Blog do Sigi Vilares/Colunistas
()
  Curta nossa pagína
  Publicidades